O governo chinês iniciou a construção de um gigantesco complexo hidrelétrico na região leste do Planalto Tibetano, com o objetivo de torná-lo o maior gerador de energia hidrelétrica do mundo.
O projeto foi oficialmente anunciado pelo primeiro-ministro Li Qiang e é considerado o empreendimento de infraestrutura energética mais ambicioso do país desde a icônica hidrelétrica de Três Gargantas.
Com um investimento estimado em ao menos US$ 170 bilhões, a obra ficará sob responsabilidade da estatal China Yajiang e busca impulsionar a economia chinesa, que tem apresentado resposta limitada às recentes medidas de estímulo.
Estão previstas cinco usinas interligadas, que juntas terão capacidade para gerar aproximadamente 300 bilhões de quilowatts-hora por ano — energia equivalente ao consumo anual do Reino Unido em 2024. A barragem será construída no trecho inferior do rio Yarlung Zangbo, aproveitando a inclinação acentuada do terreno para maximizar a geração elétrica.
Apesar das garantias do governo de que a construção será ambientalmente responsável e não comprometerá o abastecimento de água para regiões situadas rio abaixo, países vizinhos como Índia e Bangladesh expressaram preocupação com os possíveis efeitos sobre suas populações. Organizações ambientais também levantaram alertas sobre o impacto ecológico em uma das áreas com maior biodiversidade do planeta.
O anúncio teve reflexos positivos nos mercados. O índice CSI Construction & Engineering subiu 4%, sua maior alta em sete meses. Empresas de infraestrutura e fornecedoras de materiais como cimento, equipamentos para túneis e explosivos civis viram suas ações se valorizarem.
Segundo relatório da Huatai Securities, a demanda por materiais e insumos deve aumentar significativamente. Para o mercado financeiro, projetos dessa magnitude costumam ser considerados investimentos seguros e com retorno previsível, embora analistas alertem sobre o risco de especulação exagerada.
Além do efeito direto na economia, o novo complexo reforça a estratégia do governo de transformar o Tibete em um polo energético nacional. A previsão é de que a usina entre em funcionamento em 2030. Embora ainda não haja números oficiais sobre os empregos que serão criados, estima-se que o impacto no PIB chinês possa alcançar até US$ 16,7 bilhões por ano durante a fase de construção — valor que pode ser ainda maior dependendo dos desdobramentos.