O governo da Venezuela, comandado por Nicolás Maduro, impôs um super-tarifaço sobre produtos brasileiros, com alíquotas que vão de 15% a até 77%, mesmo com a existência de um acordo bilateral assinado em 2014, que previa isenção de tarifas entre os países.
A decisão de Maduro pegou mal entre diplomatas brasileiros, especialmente no Itamaraty, onde se avalia que o movimento, embora hostil na prática, seria interpretado por Maduro como uma forma de fortalecer Lula em sua narrativa ideológica de “revolução latino-americana”. Para os analistas, trata-se de mais uma ação autoritária do ditador venezuelano, que, ao penalizar exportadores brasileiros, compromete ainda mais a credibilidade do país como parceiro comercial.
O economista Ricardo Amorim alertou que o tarifaço fere diretamente os termos do acordo firmado há mais de uma década. Produtores e empresas brasileiras que mantinham operações de exportação com a Venezuela agora enfrentam insegurança jurídica e riscos financeiros elevados.
Apesar do golpe diplomático, a expectativa é que o presidente Lula não reaja com o mesmo tom duro que utilizou contra líderes de outros países, como Donald Trump, em ocasiões anteriores. A relação entre Lula e Maduro tem sido marcada por alinhamento ideológico e trocas cordiais em fóruns internacionais.
O episódio aprofunda o debate sobre a política externa brasileira e a seletividade nas alianças estratégicas — e coloca o Planalto diante de um dilema: reagir ou contemporizar?