A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de carne provocou um verdadeiro estado de alerta entre produtores e grandes frigoríficos do país. Segundo representantes do setor, o impacto direto inviabiliza as exportações para o mercado norte-americano, historicamente o segundo maior destino da proteína nacional.
O clima é de caos e insegurança, com relatos de contratos suspensos, remessas retidas e incertezas sobre novos embarques. A medida atinge especialmente Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás e o Mato Grosso do Sul, que concentram os maiores volumes exportados de carne suína, bovina e de frango.
De acordo com fontes da indústria, caso não haja revisão do cenário nos próximos dias, a tendência será redirecionar parte da produção para mercados alternativos, como China, Emirados Árabes, Egito e África do Sul — embora esses destinos paguem menos por tonelada exportada.
Frigoríficos de médio porte já avaliam suspensões temporárias de turnos, e há temor de demissões em algumas regiões. “Essa tarifa afeta diretamente a balança comercial, o faturamento das indústrias e a segurança de milhares de empregos. É uma medida extrema, tomada sem diálogo”, afirmou um executivo de uma das maiores exportadoras do país, sob condição de anonimato.
O governo brasileiro ainda não anunciou uma resposta formal, mas setores da diplomacia e da economia já trabalham com a hipótese de retaliação ou revisão do acordo bilateral em torno das cotas de exportação.
Para os exportadores, a postura da gestão Trump demonstra desalinhamento comercial e protecionismo político, o que pode gerar desdobramentos ainda mais graves na relação econômica entre os países.