A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acendeu um alerta vermelho na economia catarinense. A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) divulgou nota nesta quinta-feira (10) avaliando que a medida pode comprometer severamente a competitividade das exportações do estado, especialmente para o mercado norte-americano — principal destino dos produtos manufaturados de SC.
Segundo o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, é urgente que o Brasil atue com diplomacia ativa para evitar a escalada da crise. “A implementação da tarifa anunciada compromete diretamente os embarques catarinenses. Países concorrentes podem ser taxados com valores bem menores, o que coloca Santa Catarina em desvantagem competitiva injustificável”, afirmou.
Em 2024, Santa Catarina exportou mais de US$ 1,74 bilhão aos EUA, principalmente em produtos de alto valor agregado, como madeira processada, motores elétricos, peças industriais e cerâmica. O impacto da tarifa pode desencadear cancelamentos de contratos, perda de mercados e até suspensão de investimentos no Brasil.
Aguiar ressaltou ainda que a medida precisa ser analisada sob três aspectos:
1. Econômico – Os EUA têm superávit com o Brasil há décadas, o que, segundo ele, inviabiliza a justificativa de protecionismo;
2. Político – O Brasil é um país soberano e suas decisões internas devem ser respeitadas por outras nações;
3. Diplomático – O posicionamento brasileiro em fóruns internacionais tem se mostrado desalinhado com os interesses norte-americanos, o que pode ter contribuído para a retaliação.
“Precisamos manter os canais de diálogo abertos com os Estados Unidos. O momento exige serenidade e foco na defesa dos interesses do Brasil”, defendeu Aguiar.
A indústria catarinense agora acompanha com preocupação os próximos desdobramentos, temendo que a medida seja o início de uma nova onda de barreiras comerciais contra o Brasil. A diplomacia brasileira ainda não detalhou as ações previstas para tentar reverter a decisão anunciada pela gestão do presidente Donald Trump.