sexta, 11 de outubro de 2024
Saúde
05/09/2024 | 17:52

Suicídio: temos que falar sobre isso

Dados da Organização Mundial de Saúde dão conta de que um milhão de pessoas se suicida por ano, o que dá 16 para cada 100.000 habitantes no mundo, ou um suicídio a cada 40 segundos! Espantado com esses dados caro leitor? Hoje as guerras, homicídios e acidentes automobilísticos somados não se igualam ao número de suicídios no planeta Terra.
 
A origem da palavra suicídio vem do latim “sui caedere” que significa “matar-se”. Essa prática era feita desde a Grécia antiga, onde os filósofos entendiam como um assassinato, e uma contemplação, pois era um método para se obter a liberdade em relação ao sofrimento.
 
A maioria das pessoas que pensam, tentam ou cometem o suicídio, escolheriam outra forma de solucionar os seus problemas, se não se encontrassem numa tal angústia que as incapacita de avaliar as suas opções objectivamente. A sua intenção é parar a sua imensurável dor psicológica e não pôr termo à sua vida. Querem simplesmente fugir das duras realidades da vida e tensões com as quais não conseguem lidar, para as quais não vêm uma solução possível, nem perspectiva de melhoria ou mudança no futuro.
O suicídio pode ser compreendido como resultando da interação de 3 factores: pressão/stress social, vulnerabilidade individual e disponibilidade de meios:
 
Por trás do comportamento suicida há uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos que, embaralhados, culminam numa manifestação exacerbada contra si mesmo.
Reconhecemos que falar sobre suicídio é particularmente desafiador. Parece que, semelhante a tantas outras situações de vulnerabilidade psicológica, para as quais preferimos olhar apenas em secreto, o silêncio funciona somente como mais uma “máscara” que visa esconder uma realidade de profunda dor, misturada com sentimentos de vergonha, estigma e diferença … oferecendo, mais uma vez, pouca ou nenhuma ajuda útil.
 
SINAIS DE ALERTA
A maioria das pessoas que se suicidam, dão pistas e sinais de aviso, mas os outros que as rodeiam não estão conscientes do seu significado e nem sabem como responder. Eis alguns exemplos de sinais de alerta, cuja detecção a tempo e intervenção eficaz poderá salvar vidas:
• Tornar-se uma pessoa depressiva, melancólica (apresenta uma grande tristeza, desesperança e pessimismo, chora sistematicamente);
• Falar muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Já nada importa”, ou “Estou a pensar acabar com tudo”;
• Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto;
• Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência;
• Ter comportamentos de risco, marcada impulsividade e agressividade;
• Aumento do consumo de álcool, droga ou fármacos;
• Afastamento ou isolamento social;
• Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente;
• Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite;
• Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo;
• Auto-mutilação.
 
Face a este quadro, é provável que dê por si a reconhecer pelo menos alguns destes sintomas em pessoas que conheça, ou até mesmo em si próprio. Note, contudo, que a lista fornecida apenas fornece alguns exemplos de sinais que podem indiciar a presença de ideação ou tentativa de suicídio. Naturalmente, quanto maior o número de sinais presentes, maior o risco de suicídio, e paralelamente, maior a urgência em procurar ajuda quanto antes.
 
A prevenção do suicídio não é trabalho só para terapeutas e psiquiatras. É dever social de cidadão. Dialogar sobre o assunto ajuda a diminuir a mística que o envolve, além de abrir em nós os canais da empatia. Afinal, ninguém está a salvo de ser tocado pelos resultados desse silêncio nefasto.

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