A Escola Básica Mansueto Très, do bairro São Vicente, recebeu na tarde desta segunda-feira (30) o Rei do maior grupo étnico de Angola, Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI. A majestade veio acompanhada de uma comitiva da África e de representantes da comunidade angolana de São Paulo. A visita do Rei ao Brasil é inédita e a vinda dele a Itajaí foi um convite da Associação dos Naturais e Amigos de Angola (ANANG).
“Em junho deste ano fomos fazer um intercâmbio na Angola e lá convidamos o Rei dos Ovimbundos – maior grupo étnico do país para vir ao Brasil e para Itajaí. Aqui na nossa cidade nós temos a primeira associação de refugiados angolanos do país, então é uma honra receber esse representante aqui por esses dias”, comemorou o presidente da ANANG, João de Deus Peixoto Brito.
A vinda do Rei integra a programação do mês da Consciência Negra de Itajaí. Nesta quarta-feira (01), Tchongolola participará da abertura e lançamento da campanha Itajaí Sem Racismo, com ato solene no Gabinete do Prefeito, às 14h.
“Nos alegra muito a vinda do Rei e sua comitiva neste ato que representa a abertura do mês da Consciência Negra de Itajaí, que ocorrerá ao longo de todo o mês de novembro. A questão da igualdade racial faz parte do currículo da Rede Municipal de Ensino e é muito importante para as crianças a oportunidade de vivenciar um momento como esse”, destacou a secretária de Educação de Itajaí, Elisete Furtado Cardoso.
Visita do Rei contou com homenagens e apresentações culturais
O Rei do maior grupo étnico de Angola, Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI foi recepcionado por Handjee Lohaine Daglano, que é haitiana e há três anos estuda na Escola Básica Mansueto Trés. A estudante deu as boas-vindas ao Rei e à comitiva em francês. “Muito legal ter a oportunidade de receber a Majestade e dar as boas-vindas para ele por meio de um idioma que ele e eu dominamos”, enfatizou Handjee.
Estudantes da unidade de ensino também fizeram apresentações culturais e entregaram presentes para o Rei e sua comitiva. “Nós somos descendentes de Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas vindos dos grandes reinos e impérios africanos. O nosso papel hoje é de criar as nossas próprias narrativas e através da ressignificação fazer com que essas histórias venham até nossas crianças e adolescentes e, dessa forma, mostrar a potência que nós negros somos e de onde nós viemos. Vamos continuar com resistência, resiliência, representatividade, reconhecimento, visibilidade e respeito cumprindo o nosso papel”, explanou a diretora da escola, Jackeline Bernardes.
Sobre o Rei dos Ovimbundos
Aos 39 anos, o rei Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI é o 37º soberano do reino subnacional do Bailundo, localizado na região central de Angola. O reino do Bailundo foi Estado pré-colonial africano dos povos Ovimbundu e surgiu no Planalto Central de Angola em meados de 1700.
Angola tem um regime presidencialista e é dividido em cinco reinos independentes. O Rei não tem poder de chefe de estado, mas influencia sobre as tradições culturais do país. Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI é o Rei do maior grupo étnico de Angola – os Ovimbundos e é o primeiro neto legítimo matrilinear do falecido Rei Augusto Katchitiopololo (rei Ekuikui IV).
Formado em Direito, poliglota, fala quatro línguas, uma delas é o Umbundu, língua oficial do Reino do Mbailundo, além da língua francesa, portuguesa e inglesa. Em seu discurso, o Rei destacou a importância de uma frase que viu exposta na Escola Básica Mansueto Trés.
“Respeito não tem cor, tem consciência! Recomendo que essa frase não fique apenas na escrita, mas sim que venha do fundo do coração para unificar todos os povos. Deus fez cada ser humano de forma única, mas o sangue que corre em nossas veias é um só”, disse o Rei Tchongolola.
Fonte: Secom Itajaí