Ainda existe coragem e honradez
Registrem esse nome: Sebastião Coelho da Silva. O cidadão é de uma coragem inabalável. Destemido, posiciona-se com firmeza diante daqueles que precisam ser confrontados. Em 2022, ele esteve presente na posse de Alexandre de Moraes à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Foi em agosto do ano passado.
Na ocasião, nosso personagem ocupava o cargo de vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal. Como é comum em todos os tribunais regionais eleitorais, o vice-presidente também assume a função da Corregedoria- Geral de Justiça da corte.
Coelho da Silva foi à investidura de Alexandre de Moraes esperando um discurso de pacificação. O evento, aliás, contou com a presença do então presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula da Silva, ambos em campanha nacional.
Duas semanas depois, no dia 22 de agosto, Sebastião Coelho da Silva renunciou a ambos os cargos e se aposentou como desembargador no final de dezembro do mesmo ano. Sua decisão foi motivada pela decepção ante o discurso de Alexandre de Moraes que, em vez de promover a pacificação, inflamou ainda mais as tensões com várias alfinetadas na direção de Bolsonaro. O imperador diminuto assumiu o comando das eleições. Todo mundo sabe que o processo foi conduzido de forma tendenciosa e parcial.
Outro lado
Aposentado, Sebastião Coelho da Silva decidiu retomar sua carreira como advogado. Na quarta-feira, se iniciou, no Supremo Tribunal Federal, o julgamento dos mais de 1.500 brasileiros que foram detidos em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. Eles são acusados de serem os principais responsáveis pelos eventos do dia 8 de janeiro.
Farsa
Muitos nem estiveram presentes à manifestação. Outros nem participaram, mas todos foram presos. A maioria já está solta, mas não escaparam de ser julgados.
Guarda costas
Aqueles que se infiltraram através do Palácio do Planalto, com as portas abertas pelo general G. Dias, que comandava o Gabinete de Segurança Institucional, pois foi capanga do ex-mito nos dois primeiros mandatos, não foram procurados ou processados.
Pesos e medidas
Se houve pessoas da direita que cometeram vandalismo, elas devem ser responsabilizadas. Rigorosamente. No entanto, todos devem ser responsabilizados igualmente. Infelizmente, parte do Judiciário, especialmente o Supremo Tribunal Federal, tem dois pesos e duas medidas. Para quem é de direita, a lei é rigorosa. Para quem é de esquerda, há um relaxamento absoluto.
Postura
Voltando a Sebastião Coelho da Silva. Ele retomou sua carreira como advogado e, no início do julgamento do caso do dia 8 de janeiro, fez uma defesa contundente de um dos militares da Polícia Militar do Distrito Federal.
Perseguição
Ele também denunciou que Felipe Salomão, ministro do STJ, abriu uma investigação sobre sua atuação enquanto ainda estava em atividade. Sebastião interpretou isso como uma tentativa de intimidação e afirmou que não recuaria nem um milímetro.
Perdeu, pequenino
Ele também mencionou que Alexandre de Moraes tentou indicar Salomão para o STF na vaga de Ricardo Lewandowski, mas não teve sucesso, pois Lula da Silva nomeou seu advogado, Cristiano Zanin.
Aspas
Em sua manifestação, Sebastião foi direto: "Senhores ministros, vocês são as pessoas mais odiadas do Brasil. Isso é uma realidade."
Suprema parcialidade
Ele questionou Alexandre de Moraes sobre um encaminhamento específico e, ao final, pediu seu impedimento no julgamento do caso dos militares da PM do Distrito Federal. Ao deixar a tribuna, as câmeras mostraram Alexandre de Moraes olhando para a presidente Rosa Weber.
Sepulcral
Ninguém disse uma palavra. Sebastião Coelho da Silva deixou o plenário do STF com os ministros em silêncio. Ele fez o que muitos brasileiros gostariam de ter feito: colocou os ministros do STF em seu devido lugar. Aplausos para Sebastião Coelho da Silva.