Ao contrário do câncer e do infarto, a artrose não mata no curto ou médio prazo. Mas ela pode fazer com que uma pessoa sofra com dores fortes e frequentes por longos anos – principalmente se ela tiver artrite ou artrose de quadril. No Reino Unido, calcula-se que um terço das reclamações às seguradoras de saúde esteja relacionado ao desgaste comum das articulações – o que só piora com o tempo, já que a expectativa de vida está aumentando, bem como a obesidade. Na opinião do médico Robert Moots, da Universidade de Liverpool, o desgaste das articulações pode começar já na faixa dos vinte ou trinta anos – mesmo que a pessoa ainda não apresente sintomas. E um dos principais gatilhos é a má postura.
De acordo o médico ortopedista Lafayette Lage, especialista brasileiro em joelho e quadril, problemas posturais – ao lado de sobrepeso/obesidade e sedentarismo – têm levado muitos pacientes de meia-idade à sala de cirurgia. “Embora eu seja muito mais favorável a uma cirurgia de Resurfacing, que permite um retorno às atividades normais depois de seis meses de pós-operatório, ao invés de deixar o paciente sofrendo dores por anos e vendo sua vida passar cheia de limitações, a melhor forma de enfrentar o problema é a prevenção. E isso, certamente, passa por uma reeducação postural. Porém, outras causas também podem contribuir para o desgaste precoce das articulações, como uma anatomia anormal (malformação congênita), traumas no esporte e acidentes prévios”.
Lage chama atenção, por exemplo, que as brasileiras exageram no uso do salto alto. “Nos Estados Unidos, a mulher vai de casa para o trabalho geralmente de tênis (mesmo com roupas formais) e somente quando chegam a seus destinos é que elas calçam saltos. Em contraste, no Brasil a pessoa já sai de casa de salto alto, enfrentando às vezes longas distâncias a pé ou no transporte público até chegar ao local de trabalho. No longo prazo, isso castiga as articulações – até porque o corpo tende a projetar o quadril para a frente para melhor se equilibrar no salto. Essa situação – que se estende por mais de dez horas ao dia, cinco dias por semana – gera uma reação em cadeia, afetando joelhos, quadril e coluna lombar”.
O médico alerta para o fato de que profissionais que passam o dia todo sentados – seja num automóvel, seja em frente a um computador – também estão entre as maiores vítimas de dores articulares. “A posição sentada é a que mais sobrecarrega os discos intervertebrais. Sejam motoristas, executivos ou estudantes, quem passa o dia todo sentado num carro ou inclinado sobre uma mesa de trabalho certamente vai sofrer as consequências da má postura. Isso faz com que os músculos glúteos percam tônus, se enfraqueçam, e acabem aumentando os riscos para dores lombares, dor nos joelhos, rigidez no pescoço e nas costas”.
A prevenção para todas essas dores, segundo o especialista, é de certa forma simples: 1. Adotar uma dieta saudável e balanceada para evitar sobrepeso; 2. Fortalecer os músculos através de exercícios físicos regulares prescritos por um ortopedista; 3. Estar atento à postura até mesmo na hora de dormir. “Quem trabalha sentado por longos períodos deveria se levantar a cada duas horas (no máximo) para restabelecer uma boa circulação sanguínea e ‘acordar os músculos’. Já quem trabalha em pé o dia todo deveria tirar alguns minutos por período para fazer alongamento e descansar, sempre prestando atenção na respiração e na coluna ereta. E tem mais: nada de dormir de bruços! Quem dorme de bruços submete a articulação do pescoço a uma torção por seis, oito, dez horas por dia. Isso, no médio prazo, faz com que a pessoa comece a sentir dores de cabeça, formigamento nas mãos e dor nas costas, ombros etc. Quem não consegue dormir de barriga para cima, que seria o ideal, deveria se forçar a dormir sempre de lado, com um travesseiro que apoie bem cabeça e pescoço”.
A seguir, Lafayette Lage aponta as sete profissões que mais castigam as articulações:
Fonte: Prof. Dr. Lafayette Lage – médico ortopedista, especialista em joelho e quadril. www.clinicalage.com.br