Desde a última quinta-feira (05), Ana Paula Reinert, 34 anos, sai todos os dias de moto do bairro Espinheiros em direção ao Centreventos de Itajaí. Deixa os filhos de 8, 11, 14 e 15 anos em casa e trabalha até às 23h cuidando dos banheiros femininos da Marejada.
“É uma festa de família, daí não tem muita zona no banheiro. É tranquilo de trabalhar aqui.”, explica. No final de semana, será a vez da família de Ana Paula curtir a Marejada. “Meus filhos vem com o pai no Dia das Crianças ou no sábado.” completou, enquanto limpava as pias.
Além da diversão, a Marejada 2017 também é fonte de renda extra para trabalhadores de Itajaí e região. Segundo dados da Secretaria de Turismo de Itajaí, foram gerados mais de 300 empregos diretos e indiretos com a festa.
Carlos Eduardo Moraes, 32 anos, morador de Balneário Camboriú e ex-portuário, viu na festa a oportunidade de um trabalho temporário. “Meu cunhado trabalha no restaurante e me deu a dica de vir trabalhar aqui. Comecei como ajudante e hoje já sou responsável pelas sardinhas.”
Negócio de família
O pai de Beatriz Samanta Fernandes Silva, 17 anos, foi o primeiro churreiro de São Francisco do Sul. Os filhos deram continuidade ao trabalho e hoje são os responsáveis pelos quiosques de pipoca, churros e coquinho de diversas festas da região. Na Marejada, Beatriz trabalha no quiosque do churros.
“Eu gosto bastante da interação que eu tenho com o público, principalmente com as crianças, que eu adoro.” Beatriz mora em uma chácara em São José do Acaraí, interior de São Francisco do Sul, junto com o pai que atualmente administra uma comunidade terapêutica para dependentes químicos. “Essa é uma oportunidade muito legal que eu tenho de participar de um evento maior, dormir fora de casa. Eu curto bastante”.
Beatriz também conseguiu uma vaga para o namorado no negócio da família. Leonardo Pereira, 20 anos, comanda o carrinho de pipoca. “Foi por causa dela que eu vim parar aqui. Eu conheci ela e acabei nesse trabalho.”, ri.
Marejão
A figura mais simpática da festa também tem nome e sobrenome. Murilo Eduardo dos Santos, 31 anos, interpreta pela primeira vez um personagem popular entre as crianças. Antes da festa, Murilo trabalhava com importação e exportação.
Durante a semana, o trabalho de Murilo é mais tranquilo, com intervalos maiores; mas é no final de semana que o agito começa. O Marejão não reclama e, assim que vê um pequeno por perto, veste de novo a cabeça da fantasia e sai distribuindo tchauzinhos.
“Acho que tenho jeito com crianças, gosto bastante delas.”, explica. A interpretação é tão boa que nem o próprio filho de Murilo o reconheceu quando vestido de Marejão. “Ele me viu sim, mas ainda não sabe que eu sou o Marejão.”, completa, antes de sair para mais uma volta pelo Centreventos.