terça, 16 de abril de 2024
Geral
03/07/2016 | 10:55

Você imagina comer uma tainha criada em água doce?

A Epagri apresentou no final da semana passada um projeto de pesquisa para criar tainhas em água doce. O estudo, que é o primeiro do mundo na área, busca encontrar alternativas para atender ao mercado nesse importante recurso pesqueiro do Sul do Brasil que se encontra em condição de sobre-pesca.

O estudo está sendo desenvolvido no Campo Experimental de Piscicultura da Epagri em Camboriú (CEPC), sob a coordenação do pesquisador Hilton Amaral Junior e do assistente de pesquisa Silvano Garcia. Um experimento iniciado pela Epagri em parceria com a UFSC, em Florianópolis, possibilitou a oferta regular de alevinos da tainha Mugil Liza. Agora era necessário aprofundar os estudos sobre as etapas de recria e engorda, tanto em água salgada como doce, visando o desenvolvimento de pacote tecnológico para o cultivo comercial da espécie. Foi essa parte que o CEPC assumiu.

A Epagri está fazendo o experimento com a tecnologia mais simples disponível, que é o cultivo em tanques escavados. Estão sendo comparadas duas condições de criação, com densidades de animais e alimentações diferentes. Na última medição, realizada em maio, as tainhas pesavam entre 121,9 gramas e 82 gramas em média, dependendo do trato que recebiam. Isso representa uma boa evolução desde a última biometria, realiza em março, quando os peixes tinham pesos que variavam entre 72,3 gramas e 80,7 gramas.

“Esse é um bom resultado, ao que nos parece, mas é impossível fazer comparações científicas, dada a inexistência de pesquisas na área”, esclarece Hilton Amaral. Ele conta ainda que as tainhas precisam chegar a ter perto de 1Kg para serem consideradas aptas ao mercado de carne. Já para produção de ovas, os peixes precisam ficar ainda maiores.

Os peixes da família Mugilidae, conhecidos popularmente como tainhas ou paratis, possuem grande importância na pesca comercial e artesanal na costa brasileira. Segundo dados de 2010 do extinto Ministério da Pesca e Aquicultura, a tainha está entre as 11 espécies mais capturadas no Brasil. Além da saborosa carne, o mercado também tem interesse pela ova do animal, bastante apreciada no Brasil e em outros países, como Taiwan, França, Grécia, Itália e Espanha.

A sobre-exploração da tainha foi forçada não só pelo elevado índice de capturas realizadas pela frota industrial, mas também pela demanda do mercado internacional pelas ovas durante o período de agregação e migração reprodutiva da espécie. A sobre-exploração caracteriza uma espécie cuja condição de captura de uma ou de todas as classes de idade em uma população é tão elevada que reduz a biomassa, o potencial de desova e as capturas no futuro, a níveis inferiores aos de segurança.

A ampla tolerância à salinidade e à temperatura, a elevada robustez e o fácil manejo alimentar são características que qualificam a tainha como uma alternativa para a piscicultura. O cultivo de peixes da família Mugilideos é uma realidade em várias regiões do mundo, sendo o Egito o maior produtor de Mugil cephalus.


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