Os dias gelados que tem feio neste início de inverno na casa da diarista Lourdes Pereira dos Santos, 55, insistem em passar devagar. Quando o sol se põe, resta o vento frio que entra pelas frestas da madeira e percorrem o pequeno espaço da casa. A realidade é a mesma nas casas vizinhas, no bairro Imaruí, em Itajaí. Pelas ruas, mulheres calçando apenas chinelos se preocupam em manter aquecidas as crianças que vestem praticamente todas as roupas que possuem.

As casas com frestas enormes e até buracos nas paredes e a falta de cobertores só fazem a situação piorar. Na tentativa de aquecer o corpo, dona Lourdes prepara uma sopa de feijão com macarrão antes de dormir.  A refeição é servida para a filha da diarista e os dois netos pequenos.

 — Eu faço isso para não passar muito frio — conta.

No armário, poucos casacos e quase nenhum cobertor quentinho. Lourdes mora em uma casa de madeira, com partes de alvenaria, e divide o terreno com a filha e os netos, que vivem em uma pequena casa de um cômodo. A renda é baixa devido ao emprego instável da mulher que é diarista em uma empresa de pescados, mas só trabalha quando o barco descarrega.

A condição financeira não muda no restante do ano, mas é no inverno que a carência se torna mais evidente e sofrida. Na semana passada, uma igreja de Itajaí visitou o bairro para fazer doações. A diarista conseguiu um cobertor pequeno e fino, além de peças de roupas. Apesar de agradecida, comentou que não foi suficiente para as noites de muito frio.

Na casa onde vide Silvana Sassemann, 26, a situação não é diferente. Para driblar as temperaturas baixas ela coloca os quatro filhos para dormir no quarto de casal. O jeito é apostar no calor humano para se aquecer. Além disso, as crianças têm preferência na hora de arrumar a cama para dormir.

— Eles ficam com mais cobertas. Não sei dizer se eles passam frio, mas eu passo — lamenta.

A realidade da família de Silvana fica pior em dias de chuva. A casinha de madeira fica às margens do Rio Itajaí Açu. Quando chove muito, a água empossa no quintal de casa e deixa móveis e madeira úmidos. Silvana se queixa que raramente alguém visita a localidade carente onde moram. As doações da prefeitura também são raras:

— As doações que chegam sempre são para outras áreas do bairro, nunca sobra nada para nós.

Saiba como ajudar
Casacos, calças, agasalhos, sapatos, cobertores e outros artigos semelhantes. Tudo pode ser doado para quem precisa, como Lourdes e Silvana. Em Itajaí, a Secretaria do Desenvolvimento Social, na rua Brusque, no centro da cidade, disponibiliza locais em diferentes bairros para a coleta de donativos em bom estado de conservação.

As coletas são feitas em qualquer época do ano. Os moradores podem levar os donativos nos quatro Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Itajaí, ou diretamente na Secretaria de Desenvolvimento Social. As doações são repassadas para cada Cras após o recebimento de agasalhos e cobertas.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura de Itajaí, muitos moradores não sabem como funcionam as doações e esperam a visita de assistentes sociais nos bairros. Para receber donativos o morador carente deve ir até um Cras e fazer um cadastro rápido. Lá, uma assistente social avalia a necessidade de cada família. Havendo material arrecadado no Cras no momento que faz o cadastro o cidadão já pode leva-los para casa.

— Não existe um programa específico para doações de agasalhos e alimentos. Se tiver donativos, nós doamos — explica a assistente de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Social, Paula Leão.

Onde doar:
- Cras Nossa Senhora das Graças - rua Brusque, 1205, no Centro, próximo ao Parque Dom Bosco

- Cras Imaruí - rua Blumenau, 1962, no bairro Barra do Rio

- Cras Promorar - avenida Ministro Luiz Galotti, 1815, no bairro Cidade Nova

- Cras Itaipava - avenida Itaipava, 3985, no bairro Itaipava