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Geral
23/10/2014 | 08:53

Funcionário da Câmara de Vereadores ganhará cão-guia

Quando retornar das férias para seu trabalho no Almoxarifado da Câmara de Vereadores de Itajaí, no dia 5 de novembro, o servidor Vanildo Inácio Vargas, 59 anos, trará para o Legislativo uma nova companheira: Havaiana, um cão- guia da raça Retriever do Labrador, será os olhos do servidor, que está totalmente cego desde os 20 anos.
 
“Durante quase 50 anos eu andei de bengala e ela me mostrava os obstáculos. Com o cão é diferente, ele se antecipa e me desvia destes obstáculos. O corpo resiste, o início é difícil, mas estamos nos comunicando e ganhando afinidade”, conta Vanildo, que há mais ou menos três semanas se adapta à Havaiana.
 
Antes de chegar até o servidor público, a cadela passou pelo período de socialização, iniciado quando tinha cerca de 45 dias de vida, e no qual ficou aproximadamente 15 meses com uma família voluntária. Nesta etapa Havaiana foi levada a diversos locais como restaurantes, bancos e eventos. Depois disso, retornou à Escola de Cães-Guia Helen Keller, onde fez um treinamento de mais 15 meses, para então iniciar a adaptação com o servidor, etapa que leva de quatro a cinco semanas.
 
A Escola de Cães-Guia Helen Keller iniciou suas atividades em Florianópolis em 1993 e desde 2007 funciona em Balneário Camboriú. Vanildo foi o segundo deficiente visual a se inscrever no ano de 2007, mas só agora recebeu seu cão-guia. “A escolha não é por ordem de chegada, eu fiz uma série de entrevistas e os profissionais da Helen Keller escolheram o cão que se adequou melhor a minha personalidade e ritmo de vida”, conta o beneficiado. Fatores como situação socioeconômica e condições físicas também são levados em conta na hora da escolha.
 
Nesta terça-feira, 21, Vanildo trouxe Havaiana à Câmara de Vereadores pela primeira vez. Eles estavam acompanhados do instrutor Fabiano Pereira e da treinadora Elaine Lasser. Fabiano explica que nos primeiros dias com o cão, ele e sua colega acompanham o deficiente visual em suas principais atividades para fazer os chamados “destinos”, ou seja, as rotas que comumente são feitas no cotidiano pelo guiado.
 
“Em breve a Havaiana representará mais liberdade e mais tranquilidade pra mim, ela será meus olhos”, conclui Valnildo.
 
Escola que já entregou quase 30 cães e é referência vive de doações
Além da raça de Havaiana, a Retriever do Labrador, a Escola de Cães-Guia Helen Keller também treina cães das raças Golden Retriever, Flat-Coated Retriever e o Mestiço do Golden Retriever e Retriever do Labrador. Segundo o instrutor Fabiano Pereira um cão guia em todo processo de socialização, treinamento e adaptação custa em média R$ 35 mil à instituição e todos eles são entregues ao deficiente visual sem nenhum custo. O beneficiado pela escola só começa a custear o animal após recebê-lo.
 
O instrutor explica ainda, que mesmo sob a custódia do deficiente visual, o cão-guia continua pertencendo à escola, por isso, os funcionários da Helen Kellen fazem o monitoramento periódico do animal mesmo depois da fase de adaptação, para garantir que o cão está cumprindo seu papel e também que ele está sendo bem cuidado.
 
A Escola de Cães-Guia Helen Keller é primeira da América Latina ligada à Federação Internacional de Cão-Guia. É uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, que depende exclusivamente de doações para manter suas atividades.
 
“Não me furto em pedir apoio porque as doações são o que mantém o projeto e nos permitiram entregar até o momento 26 cães-guia, por isso toda ajuda é bem vinda”, fala Fabiano que ainda faz questão de frisar: “É importante que as pessoas compreendam que o nosso trabalho não é ligado ao mundo Pet, mas sim voltado para os seres humanos e que os cães são uma ferramenta para integrar a pessoa cega à sociedade, para garantir sua mobilidade e independência”.
 
Para conhecer e ajudar a escola Helen Keller acessewww.caoguia.org.br ou envie e-mail para: contato@caoguia.org.br.
 
*A Lei Federal 11.126 garante ao deficiente visual usuário de cão-guia o direito de ingressar e permanecer com o animal nos veículos e nos estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo.

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