quinta, 28 de março de 2024
Geral
24/06/2011 | 11:30

Como Enfrentar um Selecionador

Muitos candidatos com bom currículo acabam perdendo ótimas chances, porque não conseguiram passar por um selecionador. Isto acontece, às vezes, por despreparo de ambos. Neste artigo vamos falar do ponto de vista de quem está sendo avaliado, ou seja: Você!

 

Em primeiro lugar, ao confirmar a entrevista, procure chegar mais cedo. Analise o local e procure sentar-se confortavelmente para dissipar as tensões. Ao ser chamado, encaminhe-se imediatamente em direção à pessoa que o receberá, com passos firmes e seguros. Mantenha contato visual e aperte as mãos, tomando cuidado para retribuir a força do aperto, na mesma proporção em que recebe, evitando ser efusivo ou demorado demais. Lembre-se que tem pessoas que detestam contato físico com estranhos, embora trabalhem como selecionadores de… Pessoas!

 

Uma vez convidado a entrar, seja solícito e polido, acomode-se bem na cadeira e fixe os olhos na pessoa. Evite ficar sorrindo todo o tempo ou fazendo gestos excessivos, pois não é o caso, no entanto não é para ficar de cara feia e esquecer o senso de humor. Busque ser natural, sem perder a concentração no que está sendo dito, nesta hora, por três linguagens específicas: a argumentativa; a gestual; a intuitiva ou empática.

 

Na primeira, trata se de se expressar, raciocinar e argumentar, bem como analisar corretamente o que é exigido, dito ou não dito pelo interlocutor; na segunda, trata-se do indicador de suas emoções, postura e estado psicológico; a terceira é uma questão metafísica, mas importante: há um elã vital que nos une, e que está além do campo da razão, no entanto pertence ao domínio da percepção. A intuição é capaz de penetrar no absoluto da situação e encontrar (ou não) uma “simpatia”, uma aproximação entre dois seres ou objetos de nosso conhecimento. 

 

Por isso é recomendável que você esteja atento não somente ao que vai dizer, mas principalmente “como” vai fazê-lo. Discorrer longamente sobre suas habilidades em ser direto e conciso é, por exemplo, um contra-senso: quem é direto usa poucas palavras e quem é conciso consegue atingir o nervo, com freqüência, logo na primeira vez. Falar é uma arte que deve ser levada a sério.

 

Outro ponto é o exagero nos exemplos: se pedirem para você ilustrar determinada situação, como suas realizações ou o porquê foi demitido, não se perca em minúcias ou queira construir um “panorama”, para depois concluir. Freqüentemente isto leva a perder o foco no assunto que está sendo tratado e enveredar a conversa para a trivialidade ou – o que é pior – aborrecer profundamente o interlocutor. Além disso, numa entrevista você não dispõe de muito tempo.

 

A questão dos gestos também é importante. Se você está tentando passar a imagem de alguém responsável, que não se intimida com a pressão, mas suas mãos e pés não conseguem ficar quietos no lugar, pode estar certo de que o considerarão mentiroso, mesmo que esteja apenas ansioso.

 

Se os gestos forem muito bruscos, pode passar a impressão de que é autoritário ou descontrolado, mesmo que sua ingênua intenção tenha sido apenas a de dar “ênfase” em algum aspecto. Ficar quieto, encorujado e responder somente se for perguntado, também não é bom: afinal, você está ali para se vender como a melhor opção para o emprego e, portanto, deve possuir iniciativa.

 

 

A regra aqui é a do conforto: sente-se confortavelmente, se quiser mudar de posição faça de forma natural, não exagere nos gestos, não se reprima a ponto de parecer um boneco de pau, não avance sobre a mesa ou fique mexendo nos objetos em cima dela, não abaixe a cabeça ou fique agarrado no braço da cadeira, evite cruzar braços e pernas, enfim: fique confortável, pois você é o convidado! Deixe a impressão que está em busca de desafios e carreira, não que você precisa desesperadamente pagar uma conta amanhã. Dignidade, sempre!

 

 

Iniciada a entrevista, concentre-se. Ela sempre passa por algumas fases padronizadas. A primeira delas é medir a capacidade em compreensão e síntese, então irão perguntar sobre seu “perfil”, sua experiência e sobre seu autoconhecimento.  Pedirão para que você defina suas “forças” e “fraquezas”, ou talvez fale de um “sonho”. Questionarão as informações do currículo e dirão algo sobre a posição a que se candidata. Enfim, é apenas quebra-gelo para abordarem o prato principal.  

 

O que você deve ter em mente é saber que muitas entrevistas são relacionadas a competências, neste caso, sempre irão fazer a você, uma pergunta no passado. Tipo: Conte sobre uma experiência em que você teve que lidar com conflitos e qual o resultado. A idéia do selecionador é saber se você está comunicando conteúdos verdadeiros ou não.

 

Neste caso, não enrole e busque construir a sua narrativa incluindo três pontos-chave:  O contexto onde se deu a ação; O que você fez na ocasião; Qual o resultado disto. O que realmente aconteceu não é o mais importante, e sim, qual foi a sua atitude, pois estão medindo a amplitude de seu comportamento.

 

Finalmente, você precisa ter um plano de contingências. Muitos selecionadores são profissionais experientes, bem formados e bem preparados, mas a maioria não é.  Os primeiros têm alta maturidade técnica e psicológica, os outros são apenas tarefeiros da seleção, instáveis, hostis e tendenciosos. Assim, a pior coisa que você pode fazer em uma entrevista é “aproveitar o gancho” de um jargão do ramo psicológico e tentar dar aula ao entrevistador. Ou então corrigir o interlocutor intempestivamente. Evite a todo custo passar a impressão de superioridade. Se fizer, praticamente você é carta fora do baralho. 

 

Não se esqueça que talvez a pessoa que está lhe entrevistando ganhe muito menos do que a sua pretensão salarial. Além disso, ela pode detestar o trabalho que faz. Portanto, se você a insultar ou se mostrar arrogante – mesmo subliminarmente – estará colocando seu pescoço sob a lâmina da guilhotina e aí baubau! Ao contrário, seu maior esforço nestes momentos é ganhar a adequada simpatia e a atenção técnica daquele que está com o encargo da seleção.  Seja generoso com as limitações alheias e mantenha uma postura humilde, segura e confiável. 

 

Mesmo que a pessoa lhe aborreça, perturbe, ironize, diminua, trate você como um código de barras, seja ético e respeitoso. Tente ganhar sua confiança para que a relação não retroceda a um estado de natureza selvagem. Use sempre a técnica consagrada de vendas: venda para pessoas, ou seja – use de hospitalidade e simpatia.

 

Suas chances irão aumentar muito!


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