O Centro de Intervenção e Estimulação Precoce “Vovó Biquinha” completa em novembro, 30 anos de existência, luta, dedicação e amor as crianças que passam por lá. A data é importante não apenas para os alunos, familiares e profissionais envolvidos diretamente na escola, mas para toda a sociedade de Itajaí.

Há 30 anos o centro promove a inclusão no município, onde 30% das crianças apresentam deficiências ou outras necessidades educacionais especiais. Durante as comemorações foi inaugurado a construção do 3° piso e a conquista de um elevador. Segundo a coordenadora do Centro, Miriam Cristina Frey de Lira, a construção é um esforço do Centro para garantir um espaço adequado para as atividades das crianças. “Conseguimos o 3° piso com verba da Petrobras, através de um projeto, e com os bazares que realizamos durante muito tempo. Vários eventos foram necessários para custear nossas conquistas”, disse.

Localizado hoje na rua Juvenal Garcia, o espaço consegue atender de maneira adequada as 100 crianças que estão no projeto. No Centro são oferecidas 50 vagas inclusivas e 50 vagas de estimulação precoce. Em cada sala de aula, dois professores atendem os pequenos, que ficam em no máximo 15 alunos por sala. Além de terem acompanhamento com fisioterapeuta e fonoaudióloga.

O atendimento é voltado principalmente à população carente, crianças em situação de risco, prematuras, as mães solteiras ou mães adolescentes. Miriam explica que essas famílias tem prioridade na hora da matricula e que muito é preciso fazer por elas. “Buscamos dar toda ajuda as familiais, em alguns casos temos que ensinar as mães até mesmo dar banho nos bebês. É um trabalho intenso, em que encontramos por diversas vezes crianças em situações extremas de pobreza e com as famílias desestruturadas”, afirma.

HISTÓRIA

Na década de 1980, com o nome de Centro de Desenvolvimento Infantil (CDI) Maria Correia de Oliveira, em homenagem a uma cidadã itajaiense nasce o Centro Vovó Biquinha. O trabalho nasceu inspirado nos ideais de um grupo de professores que, conhecedores de um grande número de crianças em situação de vulnerabilidade na cidade, propuseram-se a iniciar um trabalho preventivo e terapêutico de estimulação precoce, ainda não existente no município, com atendimento para crianças na faixa etária de zero a quatro anos de idade.

O nome “Vovó Biquinha” refere-se a Sra. Maria Correia de Oliveira, pois assim era chamada por seus netos e parentes próximos.

DEPOIMENTO

João Gabriel chegou ao centro ainda bebê, não andava e seu desenvolvimento estava atrasado. João tem Hipotomia, uma doença que causa a diminuição do tônus muscular e características da Sindrome de Asperger, conhecida também como autismo de alta funcionalidade, onde alguns sintomas desta síndrome são: dificuldade de interação social e falta de empatia. “O João Gabriel sente muito medo e tem dificuldade de interação. A mãe, Alexandra Rodrigues, que acompanhava o pequeno na escola, conta que graças ao Centro Vovó Biquinha e a capacidade dos profissionais envolvidos, tanto educacional quanto na saúde o desenvolvimento de João não teria sido o mesmo. “Ele está falando muito bem, andando, tem um aprendizado rápido. Conhece as vogais, o nome dele. Eu não tenho nem palavras para agradecer todo o trabalho que eles fazem aqui pelo João Gabriel, e não só com ele, mas com toda a família, com palestras mensais e varias atividades. Isso tem me ajudado a cada dia. Talvez se existisse mais entidades como a Vovó Biquinha, teríamos menos crianças com problemas”, declara.