sexta, 29 de março de 2024
Ação de conscientização realizada no Hospital Marieta de Itajaí
01/10/2010 | 00:00

1.849 pessoas aguardam transplante de órgãos em Santa Catarina

Doar órgão e doar a oportunidade para a vida de outra pessoa continuar, é apenas o início. Foi-se o tempo em que a morte era o fim de tudo. No dia 27 de setembro, foi comemorado o Dia Nacional da Mobilização de Doações de Órgãos e Tecidos e esta ocasião foi usada para conscientizar as pessoas da importância deste ato e principalmente, de aproximar o assunto da população. Apesar do Hospital Marieta Konder Bonhausen ainda não realizar transplantes de órgãos, as captações podem ser feitas no hospital. “Tudo que captamos aqui, é enviado para cidades próximas que fazem o transplante, mas a prioridade é dada para itajaienses que aguardam na fila, já que o órgão é daqui”, explica a enfermeira responsável pelo setor de captação, Milene Aparecida Machado.

 

Milene Aparecida Machado, enfermeira responsável pelo setor de captação, na palestrando sobre doação de órgãos

 

 

Para a psicóloga do hospital, Rosangela Scaretti, o número de doações ainda é menor que o número de espera, pela falta de comunicação entre familiares. “Na maioria dos casos, a família da pessoa que faleceu, não sabe se a pessoa era doadora ou não. Simplesmente porque não existe comunicação a respeito deste assunto. A doação de órgão esta relacionada a morte e muita gente não gosta de falar sobre este assunto, que é um tabu na nossa sociedade”, comenta Scaretti.

 

Em Santa Catarina, quase 2 mil pessoas aguardam por um transplante, sendo que 1.200 necessitam de doação do globo ocular. “Em Itajaí, o órgão mais doado também são os globo oculares. Apenas uma doação pode beneficiar até seis pessoas”, destaca Milene. As córneas se destacam nas doações porque as pessoas que morrem por Parada Cárdio-respiratória (PCR), podem doar apenas as córneas, já que não tem mais movimentação sanguínea no corpo quando o coração para de funcionar.  

 

Portanto, o caso mais comum das doações é no caso de morte encefálica, quando a pessoa morre, mas continua respirando por aparelhos e o coração bate em função disso, mantendo a circulação pelo corpo. “Nesse caso é complicado de a familiar aceitar que o falecido doe os órgãos, porque a pessoa está respirando, mesmo que seja só por causa do aparelho”, observa Milene. A morte encefálica se torna mais difícil de ser aceita, principalmente quando são jovens, por se tratar de algo inesperado. “As pessoas não compreendem que esta é mais uma etapa da vida e que com a doação, pessoas vão ser beneficiadas com este ato”, fala a psicóloga do Hospital Marieta, Rosangela Scaretti.

 

Psicóloga Rosangela Scaretti na palestra realizada no Hospital Marieta no Dia Nacional de Doação de Órgãos (27 de setembro)

 

De acordo com os dados da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante), do Hospital Marieta, são registrados 100 óbitos por mês, sendo que 25 destes, poderiam ser doadores, mas atualmente contam com três ou dois são doadores. As doações mais comuns no hospital são de coração, fígado, pulmão, pâncreas e rins.

 

Para ser um doador

 

Para se tornar um doador é necessário comunicar a família, não é mais preciso registrar na carteira de identificação, apenas expressar este desejo. Além desta comunicação, são necessários alguns quesitos básicos: a pessoa não pode ser portadora do vírus HIV, não poderá ter algum tipo de infecção ou ter a morte provocada por alguma causa desconhecida. Os transplantes também só serão concebidos ser houver a compatibilidade de órgãos entre o doador e o receptor. Mais de 30 exames bioquímicos, físicos, fisiológicos e de imagens são necessários para comprovar se são compatíveis.


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