quinta, 28 de março de 2024
Geral
Lourival Rodrigo
06/09/2010 | 00:00

Procuram-se oceanógrafos!!!

 

 

O mercado para a área de Oceanografia está aquecido em diversos aspectos. Mas o número de profissionais atuando ainda é baixo

 

Profissional multidisciplinar. Assim podemos definir o Oceanógrafo. Alguém que precisa gostar de tudo um pouco, desde Biologia, Física, Química, Geologia. É ele que estuda, no meio marinho e costeiro, os organismos, seu ambiente e todos os processos físicos, químicos e geológicos que nele interagem. A coleta e interpretação de informações sobre as condições físicas, químicas, biológicas, e geológicas dos ambientes aquáticos, também fazer parte do trabalho de um oceanógrafo.

 

A ciência ainda é nova, tem pouco mais de 40 anos. A Universidade do Vale do Itajaí foi a terceira a lançar o curso, em 1992. Mas o boom não tardou a acontecer. Atualmente já são 13 universidades em todo o país que oferecem o curso.

 

O mercado está aquecido e com toda a promessa de exploração de petróleo, haverá espaço nos próximos 20 anos, na visão do Diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar (CTTMar) e oceanógrafo João Luiz Baptista de Carvalho. “Podemos definir hoje a área da Oceanografia, como um negócio que envolve alta tecnologia e alto valor, principalmente com as questões relacionadas à indústria do petróleo”, explica.

 

Mas por outro lado, cadê os profissionais qualificados para atuarem nesse mercado?

 

Em 17 anos de curso, a Univali formou 500 alunos, em média de 20 a 25 por ano. Mesmo com opções de sobra para atuação, o diretor lamenta a baixa procura pelo curso. Fatores como falta de informação e influência dos pais também contribuem. “A oceanografia é uma ciência nova e aquele que quer se lançar nesse mercado, precisa ter certa coragem. Muitos optam pelas áreas tradicionais, como engenharia, porque não conhecem realmente o mercado e o trabalho do oceanógrafo”, explica.

 

Como reverter esse quadro? Através da divulgação. “É necessário divulgar essa demanda. Nunca o mercado esteve tão aquecido e isso não é questão de momento”, afirma Menezes.

 

Fugindo no meio do caminho

 

A falta de oceanógrafos no mercado de trabalho também é reflexo de um fato que já ocorre durante o curso: a desistência. Carvalho ressalta que muitos alunos ao entrar para o curso não sabem realmente o que é a oceanografia, mas quem fica até o final é porque é apaixonado pela profissão. “O estudante muitas vezes entra com a ideia romântica de que viverá no mar e terá contato com o meio ambiente. E no decorrer do curso acabam enxergando que não é só isso. Precisa gostar de Química, Biologia, Geofísica, por exemplo, além de estar embacardo. Por isso, muitos acabam vendo que não era o que realmente queria e acabam desistindo do curso”, ressalta.

 

Profissionais de oceanografia manuseiam aparelho “Aquadopp” para medição de direção e velocidade de corrente de ondas, dados usados para construção de Porto na Amazônia

 

O professor João Thadeu de Menezes concorda que há um grande número de desistentes, mas também enxerga que esse quadro no decorrer dos anos tem diminuído. “Hoje aquele que procura o curso já tem um conhecimento maior sobre o que ele é realmente. A Oceanografia não é simples, como antigamente se pensava. Ela é ligada a outras áreas específicas e muitos não estão preparados para isso.”, comenta.

 

Menezes ressalta que hoje as empresas estão em busca desse profissional pela qualificação diferenciada. “O oceanógrafo possui uma formação mais completa. Ele tem uma grande noção na área geológica, química, física e biológica.

 

AOCEANO atua como referência do profissional

 

A Associação Brasileira de Oceanografia (AOCEANO) é quase tão antiga quanto o curso. Ela foi fundada em 1975 pela primeira turma de oceanógrafos do país  com o intuito de existir uma referência para o profissional. A grande conquista da associação foi a regulamentação da profissão em 2008, explica o presidente nacional da associação, Roberto Wahrlich.

 

A AOCEANO procura estar atenta aos editais do concurso público. Quando entendem que determinada função descrita no edital, pode ser feita por um oceanógrafo, a associação entrando com mandados de segurança para permitir a inscrição de oceanógrafos, e quando aprovados que este seja efetivado.

 

 “Como é uma profissão nova, os órgãos responsáveis pelo concurso ainda não enxergam o profissional por falta de conhecimento e não de má fé. E este é o nosso trabalho, avisar que esta demanda existe e também possui qualificação. Mas este também é um trabalho lento.”, explica.

 

A nova bandeira da AOCEANO é lutar por um Conselho Profissional, pois ainda não há quem fiscalize o exercício da profissão e a associação não tem poder para isso.

 

O mercado da Oceanografia pede para ser explorado. As oportunidades estão aí para aqueles que desejam ousar.


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