sexta, 29 de março de 2024
27/08/2010 | 00:00

Tênis Comunitário contribui para formação pessoal de crianças e adolescentes

 

O projeto já atingiu mais de 4 mil crianças em Itajaí

 

Com a facilidade de montar um “campo” de futebol, o esporte atinge crianças de todas as classes, lugares e idades e torna o futebol como um dos esportes mais populares do país. E o tênis? Quadra, rede, raquetes e bolinhas não são fáceis de conseguir, o que limita o esporte a um determinado grupo. Certo? Errado. Em Itajaí, projetos sociais ministrados há mais de 20 anos pelo professor e tenistaOsvaldo Cipriano, mais conhecido como Badeco,procuram mudar esta realidade. O Tênis Comunitário é um deles e tem como finalidade desenvolver a prática esportiva entre crianças de baixa renda e contribuir para a formação pessoal por meio da modalidade esportiva.

 

 

O Tênis Comunitário já atingiu mais de 4 mil crianças e adolescentes do município. “O tabu, de que o tênis é voltado apenas para a elite deve ser quebrado. Este é apenas um dos vários projetos que levam a modalidade para os bairros”, destaca o tenista. O Parque Dom Bosco é uma das instituições beneficiadas pelo projeto, onde as crianças desde 2004 recebiam as aulas de tênis dadas voluntariamente por Badeco. No entanto, neste ano o projeto está sendo desenvolvido com recursos aprovados na Lei Municipal de Incentivo ao Esporte da FMEL, Fundação Municipal de Esporte e Lazer e da empresa Unimed Litoral. Os recursos financeiros foram destinados para a compra de camisetas, bolinhas, raquetes e para a contratação dos professores: Badeco e Everton de Brito, o Tom.

 

 

As aulas são ministradas semanalmente na quadra de tênis da instituição com dois professores responsáveis por cada turma. As atividades consistem no desenvolvimento da prática do tênis entre crianças de baixa renda, promovendo ações de cidadania e contribuindo para a formação pessoal através do envolvimento com uma prática esportiva.

 

A aula

 

Quando o professor chega, já estão a sua espera cerca de 40 alunos com idade de 7 a 10 anos. Todos querem abraçar e conversar, é uma disputa para receber a atenção do professor, que aos poucos consegue atender todas as crianças. Mesmo com tanto carinho, as primeiras palavras do tenista servem como um puxão de orelha. “Na semana passada vocês não se comportaram muito bem, espero que hoje a aula seja melhor e quem se comportar, for educado, não bagunçar vai ganhar uma bolinha de tênis pra treinar em casa”, inicia assim a aula. É desejo de todos ganharem a bolinha, portanto, a euforia é controlada.

 

 

Além das crianças estarem em contato com um esporte que não é comum nas comunidades, os benefícios que a modalidade esportiva proporciona são perceptíveis em sala de aula. “Jogar tênis exige muita concentração, o que estiver acontecendo ao redor deve ser esquecido, há apenas você, a bola e a raquete, ao contrário disso, não tem como jogar”, explica o tenista. “Isso faz com que o aluno fique mais concentrado na explicação de cada professor”, acrescenta. E é por meio da modalidade que os alunos se sentem mais confiantes. “Você está indo muito bem; tem muita capacidade; foi uma grande jogada”, são frases faladas durante toda a aula por Badeco e motivam as crianças a acreditarem no seu potencial.

 

 

A aula de 1hora e 30min é de muita alegria, bagunça, reclamações e superações. A cada bolinha acertada é uma vitória, aquele que mais acertar recebe salva de palmas e elogios. A nova prática esportiva, na agenda das crianças, causou surpresas. “Eu achava o tênis muito parado, mas agora vejo que não é assim, a gente se movimenta bastante, eu nunca faltei aula e já levei bolinha pra casa”, conta entusiasmada a aluna Andriele Thalita Porazzi, 10 anos. Há quem diga que o tênis supera qualquer outro esporte. “É o mais legal de todos, bem melhor que o futebol”, afirma o aluno Israel Machado da Graça, 8 anos.

 

Antes e depois de iniciarem as aulas, a movimentação na quadra de tênis é intensa, todos querem “experimentar” o esporte.  “Se existissem tantas quadras de tênis como existem de futebol ou de vôlei nas escolas e nos bairros, as chances de encontrar um tenista que representasse a cidade, o estado ou o país seria bem maior. Por que o tênis é considerado esporte para classe A? Pela falta de investimentos na criação de quadras e programas que incentivem estas crianças. O esporte é para todos, ninguém pode ser privado deste direito”, conclui Badeco.

 

Professor e tenista Badeco

Badecodá aula há mais de 30 anos, conta que começou sua carreira profissional como boleiro (pegador de bolinhas nos jogos de tênis). “O tênis fez muito por mim e pela minha família. Minhas irmãs cuidavam dos filhos dos praticantes do esporte, nossa renda dependia do totalmente do tênis, estou apenas retribuindo o que o esporte fez por mim, me sinto na obrigação” finaliza. Desde 1987 Badeco participa de projetos sociais relacionados ao tênis, pelas escolas do município e no Itamirim Clube de Campo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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