sexta, 19 de abril de 2024
07/05/2010 | 08:43

Célio Bananinha

por Josiane Cardoso

 

“Olha o pão e bananinha. Pão caseiro e quentinho”, acompanhado de um assobio. Com essa frase, o vendedor Célio Cardoso conquista a freguesia.  É ele quem leva o café da manhã e da tarde para inúmeros moradores dos bairros Vila Operária, São Judas, Dom Bosco, São João e Centro.  E por onde passa, esbanja sorrisos e muito bom humor. 

Célio já foi palhaço do Grupo Vira-Lata de Blumenau e, no Natal, para ganhar um extra, também trabalhava como Papai Noel nas lojas da cidade. “O teatro não me dava dinheiro, e eu precisava sustentar a familia”. Nesta época, de ator ele passou a ser trabalhador informal.

Em 1992, ao se mudar para o município de Penha surgiram novas oportunidades. A ideia de vender pães começou com a ajuda da madrinha dele. O negócio, inicialmente pequeno, rendia lucros durante a temporada de verão, e aos poucos foi crescendo. Em 2000, em pleno inverno, Célio viu perspectivas em Itajaí e decidiu investir na venda de pães. “Sempre tive vontade de morar no litoral, por isso escolhi esse município maravilhoso”, revela.

Hoje o que mais se escuta: - “Célio, leva um pão lá em casa!”, grita a vizinha. Pedidos como esses são comuns, principalmente quando sai de casa para mais um dia de trabalho. Com roupas brancas e a inseparável bicicleta, o blumenauense, mas itajaiense de coração, é um exemplo de força de vontade e simpatia.  “Eu adoro essa profissão, por onde eu passo faço amizades e converso com meus clientes”, afirma Célio.

A alegria do vendedor esconde a dor de ter perdido a filha há dez anos. A morte da criança na lagoa da Praia Brava foi um momento difícil, onde ele, por recomendação médica, teve que reduzir a jornada de trabalho e tomar medicamentos. Hoje, o morador do bairro São Judas garante que já conseguiu superar essa fase dolorosa e encontrar no trabalho forças para seguir em frente. 

E a produção de pães começa cedo. O casal levanta às 5 horas da manhã. Enquanto a esposa prepara os 60 pães e mais de 200 bananinhas na cozinha da casa, Célio vai oferecendo de porta em porta. É no trabalho informal que o vendedor consegue o sustento da família. “Para vender, é preciso perseverança”. Este trabalho diferenciado na região já rendeu inúmeras capas de jornais, inclusive em uma das edições do Jornal dos Bairros em 2003. 

Como passa o dia percorrendo as ruas da cidade, Célio conhece a realidade e os problemas de cada bairro. Por isso, nas últimas eleições foi candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores. Para a surpresa dele, recebeu 734 votos e ainda pretende se candidatar no próximo ano. “Para ser político, não preciso ser corrupto. É preciso ajudar quem precisa”. 

Mas enquanto não se candidata novamente, ele procura chamar a atenção dos clientes. Nas datas comemorativas, Célio relembra os tempos de artista e se veste de coelho da Páscoa ou Papai Noel. Para ele, a criatividade é umas das receitas para o sucesso.


JORNAL IMPRESSO
19/04/2024
12/04/2024
05/04/2024
29/03/2024

PUBLICIDADE
+ VISUALIZADAS