por Josiane Cardoso

As homenagens ao Dia das Mães não se limitam às mulheres que deram a luz a uma nova vida. O domingo também será dedicado àquelas que se tornaram mães de coração ao adotar uma criança e para as que lutam para realizar um grande sonho: a maternidade. É nesse dia tão especial, que elas comemoram de diversas maneiras.

Katherin Caroll Nietsche Martins aprendeu que sonho é para ser conquistado e dificuldade é uma palavra inexistente, quando o querer é determinação. Quando decidiu engravidar, ela foi pega de surpresa por um diagnóstico de endometriose. A doença é responsável por 50% a 70% dos casos de infertilidade feminina. A solução para o problema foi procurar ajuda médica. Após passar pelo tratamento e uma cirurgia, foram exatamente dez meses de espera até receber a notícia de que estava grávida.

Luiza Nietsche Martins nasceu cheia de saúde. “A minha vida mudou após seu nascimento, trazendo alegria e muita satisfação por ter realizado um sonho tão lindo. Posso dizer que ser mãe é poder compartilhar todos os momentos ao lado de quem será sempre meu eterno amor”, afirma Katherin.

Querer, não medir forças e poder: a maternidade também tem a capacidade de transformação. No Presídio Regional de Itajaí são 11 mães com bom comportamento e o mesmo número de crianças que dividem um quarto, banheiro e cozinha na chamada área de regalia. Débora Sperdber é mãe do pequeno João Vitor de oito meses. A jovem de apenas 22 anos lamenta passar o primeiro dia das mães na prisão. “Estou presa há nove meses, cheguei aqui grávida”, afirma.

Entre elas, é comum o sentimento de saudade e arrependimento. “É muito difícil ficar longe dos meus filhos”, conta Simone Zenir da Silva, 27. Já condenada, é mãe de Willian de sete meses e de mais duas crianças que estão sob cuidados da avó. Prestes a sair, ela faz planos para o futuro. “Não quero mais a vida que eu levava, quero trabalhar e cuidar bem deles”. No dia 9 de maio, Simone tem direito a saída temporária e já sabe como comemorar. “Ano passado, era véspera de dia das mães quando eu fui presa, e com certeza, foi o pior presente da vida da minha mãe”. Ela garante que este ano a data será diferente”. 

Outro exemplo é Samanta Cardoso, 28. Ela deu a luz a Rayssa Vitória na prisão. A mãe lamenta criar a menina no espaço e não poder apresentar a filha para o marido, também preso. “Por enquanto, ele não conhece nossa filha, só daqui a um mês”.

Quem está na prisão e tem filhos do lado de fora recebe visita toda semana, como é o caso de Sidnéia Vaz, 26, mãe de quatro crianças. Apenas Ralisson, de um ano e cinco meses está com ela no presídio. “Eles não têm culpa dos nossos erros”, reconhece.

Apesar da alegria de acompanhar o desenvolvimento das crianças, todas sofrem por terem que criá-los em meio as consequências do crime. Segundo o gerente do presídio, Maurílio da Silva, a lei permite a permanência da criança sob cuidados da mãe até os seis meses. Mas o juiz, dependendo dos casos, pode estender os prazos”, esclarece.

O sofrimento não está somente atrás das grades. No Asilo Dom Bosco a situação é ainda pior. Muitos filhos nem sequer lembram da data. Dona Rosa Evaristo, 84, tem dez filhos, são seis mulheres e quatro homens, e nem sempre recebe a visita deles. “Sinto muita saudade. Quando eles vêm aqui, eu choro muito e parece que o céu se abre”.




 

E ela não é a única do local a conviver com essa triste realidade.
Há outras mães no asilo que foram praticamente abandonadas. E esta data não será tão emocionante para elas. Mas, ao contrário da realidade de Dona Rosa, vê-se esperança no amor entre pais e filhos com a história de Dona Emília Rodrigues. Aos 94 anos, todos os sábados o único filho e os dois netos se dedicam a ela. “Eles sempre vêm, é sagrado”.  Exemplos como este, devem ser seguidos. Mãe é mãe em qualquer situação, qualquer idade, condição financeira ou social. Não importa qual o estilo de mãe. Onde quer que elas estejam, a data merece ser comemorada, não só presentes, mas abraços apertados e beijos em agradecimento por todo o amor e dedicação de uma vida inteira.