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14/07/2020 | 17:28

ADK Tennis vira polo nacional de atletas paralímpicos em parceria com a Confederação Brasileira de Tênis

Foto: Daniel Rodrigues no primeiro treinamento / Crédito: Divulgação

 

Os mineiros Daniel Rodrigues, número 11 do mundo da categoria Open, e Gustavo  Carneiro, 37º do ranking, se juntam ao catarinense Ymanitu Silva, top 10 do ranking da categoria Quad, para treinamentos na ADK Tennis/Itamirim Clube de Campo, em Itajaí (SC), em parceria com a Confederação Brasileira de Tênis, fazendo do local um polo nacional do tênis em cadeira de rodas.

 

Ymanitu Silva já é atleta fixo da ADK Tennis/Itamirim Clube de Campo, e realizou nesta segunda-feira o primeiro treino ao lado de Daniel, mineiro de Belo Horizonte. Os dois por enquanto estão arantidos nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, no Japão, para 2021. Gustavo Carneiro tem boas chances de classificação e se junta aos treinamentos a partir da próxima segunda-feira. Tanto Daniel quanto Gustavo ficam até agosto.

 

"Estava em um tour nos Estados Unidos em março, em um torneio passando para as quartas de final e de repente tive que voltar correndo, trocar passagem no medo de fechar tudo. Depois que voltei em BH no período de 14 dias fechado pela volta da viagem, o clube onde treino fechou, só fiquei cuidando da parte física em casa e quadra nada. Consegui bater bola umas três vezes em BH antes de vir pra cá",disse Rodrigues: "Pedi para a CBT porque estava classificado para Tóquio e parado literalmente e outros treinando, me senti prejudicado. Então solicitei para a CBT vendo que aqui tinham tenistas do tênis convencional aqui e eles me ajudaram para estar aqui".

 

É a primeira vez de Daniel na ADK Tennis/Itamirim Clube de Campo e ele ficou impressionado: "Primeira vez aqui, não conhecia, meu primeiro dia, é fantástico, espaço incrível, já sabia pois tinha os melhores do Brasil treinavam aqui, acompanhava pelo instagram da ADK toda a estrutura aqui, então me deu mais motivação para poder vir aqui"..

 

E a amizade e entrosamento com Ymanitu serão determinantes nos treinos para a retomada no circuito que nos cadeirantes por enquanto ainda não há uma data certa, apenas a disputa do US Open em Nova York: "Jogamos categorias diferentes, mas viajamos para os mesmos torneios, treinamos juntos, adequamos o ritmo que seja bom para mim e para ele. Temos uma amizade muito boa eu e o Many, muito bom treinar com ele. Em breve vem o Gustavo e será muito bom mais um jogador importante para estar conosco", destacou Rodrigues.

 

"A Federação Internacional de Tênis está segurando bastante o calendário. O US Open vai ter após uma pressão dos cadeirantes, é o único previsto, não entro ainda, só os oito melhores, só de ter um Slam é sinal que acontecerão outros torneios, é bom, temos que nos preocupar pois não sabemos até onde irá a pandemia. Adiaram a Olimpíada de Tóquio, se não cuidar pode cancelar em 2021, mas torcemos que volte, o tênis é mais tranquilo, fácil para voltar, se tomarmos os cuidados, o calendário volta esse ano para novembro mais ou menos".

 

Com apenas 33 anos, jovem para o tênis em cadeira de rodas, Rodrigues é bastante experiente na modalidade onde é profissional há mais de uma década e vivia seu principal momento na carreira com o melhor ranking e títulos internacionais. Em 2019 ele faturou título em Genebra, na Suíça, derrotando na final o ex-número 1 do mundo e atual quarto do mundo, o belga Joachim Gerard, fazendo final em Toronto, no Canadá, e Wroclaw, na Polônia. Os resultados dão confiança para buscar uma medalha em Tóquio, seu principal objetivo. Ele já disputou os Jogos do Rio em 2016 e Londres em 2012: "Em 2019 foi o melhor ano, primeiro brasileiro a vencer um torneio fora, na Suíça, isso me dá confiança para buscar uma medalha nos Jogos Olímpicos, é um dos objetivos e seguir subindo".

 

Ele conseguiu como atleta a liberação do seu chefe onde trabalha em Belo Horizonte. Para complementar renda, Rodrigues trabalha no setor de vendas de uma madeireira: "É importante eles me dão esse suporte quando vou competir e agora essas semanas que vim competir aqui em Itajaí para estar na melhor forma quando o circuito voltar". 

 

Daniel tem a perna direita amputada. Ele tem má formação congênita. Nasceu com a perna com 20 centímetros e por anos realizou quatro cirurgias na perna buscando diminuir a diferença, mas o resultado não foi o esperado: "Foram quatro cirurgias dolorosas, a perspectiva era de ganho de até seis centímetros por ano após cada cirurgia, mas não deu resultado e no Hospital Sara Kubitscheck marcaram uma cirurgia para amputar minha perna como melhor solução. Encarei com tranquilidade. Contei para minha família para evitar qualquer aflição apenas quando estava no hospital para realizar o procedimento. Já jogava profissional e já em 2013 pouco tempo depois da amputação já tinha voltado a jogar com bons resultados", disse: "Meu objetivo no tênis em cadeira de rodas é criar um legado mais do que buscar meu melhor desempenho e bons resultados, em poder trabalhar no esporte quando me aposentar e seguir fazendo evoluir".

 

Ymanitu Silva comemorou a chegada do amigo para os treinamentos em sua casa: "Muito importante, Daniel é meu parceiro, poder treinar com ele aqui e o Gustavo Carneiro em breve será fundamental nesse processo, só agradecer a CBT e ADK Tennis por essa oportunidade de estar fixo treinando durante esse período sem o circuito e espero que volte o quanto antes, já tivemos a notícia nada boa do cancelamento da Semana Guga Kuerten que é um torneio importante para nós em Florianópolis".

 

A Confederação Brasileira de Tênis está viabilizando um circuito de torneios para os cadeirantes onde a premiação deve ser de R$ 30 mil, o qual Ymanitu vê com bons olhos: "A notícia da possibilidade dos torneios de cadeirantes da CBT é muito positiva para podermos competir, pegar o ritmo para o retorno do circuito, seria uma grande ajuda para nós".

 

Gustavo Carneiro, de 47 anos e que joga profissionalmente desde 2018, destacou: "Para mim essa ida para a ADK/Itamirim Clube de Campo tem três pontos muito importantes. Primeiro é a questão emocional, voltar a desempenhar a nossa profissão. O segundo é que neste momento, treinar em equipe nos dá a sensação de estar treinando para algum objetivo. É meio louco, mas o atleta treina sempre com foco em alguma competição, treinar por treinar não faz sentido. E o terceiro ponto é ter disponível os treinos de quadra e musculação. Estou há quatro meses sem fazer academia e todos sabemos a importância que a musculação tem na prevenção de lesões e no nosso desempenho. Estou muito satisfeito e agradeço a ADK/Itamirim Clube de Campo e a CBT por essa oportunidade", disse o mineiro de Uberlândia, atleta que amputou a perna esquerda após o segundo liposarcoma, câncer pouco abaixo da batata da perna, em 2017.  Em fevereiro deste ano atingiu o melhor ranking, o 34º lugar com participações no Mundial em Israel e no ParaPan de Lima, no Peru.

 

"Jogo tênis desde os 9 anos. Três dias antes da cirurgia, consegui uma cadeira e fui tentar bater bola para já começar a ir atrás do meu objetivo: ser um dos melhores jogadores de tênis em cadeira de rodas do mundo. Depois de 28 dias comecei a treinar e em 2018 tive grandes resultados", apontou o jogador que no primeiro ano como profissional já se colocou como top 100 e entre os três melhores do país. 

 

A equipe ADK Tennis/Itamirim Clube de Campo conta com o patrocínio da Taroii Group e Promenac Veículos, os co-patrocínios da EGA Logística/Unimed Litoral /Fort Atacadista e parcerias da FMEL - Fundação Municipal de Esporte e Lazer Itajai, Confederação Brasileira de Tênis e Federação Catarinense de Tênis.


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