quinta, 28 de março de 2024
Geral
15/04/2020 | 14:47

SC chega a março com avanço de 48,3% nas exportações de carnes suínas

A crise causada pela pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19) não impacta nas relações comerciais entre China e Santa Catarina, que amplia os embarques de carne suína para o país. O estado é o maior exportador nacional do produto e acumula um faturamento de US$ 257,9 milhões no primeiro trimestre de 2020, com crescimento de 48,3% em relação a igual período do ano anterior. Foram embarcadas 111,2 mil toneladas do produto nos três primeiros meses do ano, com aumento 17,5% no volume. A China praticamente dobrou a quantidade adquirida: respondeu por 57,3% do faturamento catarinense, segundo números do Ministério da Economia (MDIC).

Se analisado apenas março, o Estado exportou 37,6 mil toneladas de carne suína no mês, gerando receitas que passaram de US$ 85,5 milhões e aumento de 6% em relação ao mês anterior. Em comparação com março do ano passado, o avanço é de 37%. A China aumentou em 80% o volume adquirido, resultando em um faturamento de US$ 51,5 milhões, com avanço de 17,5% sobre março de 2019.

“Vivemos um período de muitas incertezas no mercado internacional e mesmo assim, Santa Catarina segue exportando e trazendo resultados positivos com os embarques de carne suína. Temos um agronegócio forte e competitivo”, afirma o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.

E as expectativas são ainda melhores para a agroindústria catarinense. A crise do Covid-19 aumentou a preocupação de alguns países com a segurança alimentar e contribuiu para acelerar processos de ampliação ou abertura de mercados ao Brasil, segundo avaliação da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina.

Cadeia logística do frio

No entanto, para se manter competitiva nesse delicado mercado, a agroindústria depende de uma complexa logística para colocar seus produtos no mercado global. “Este setor é importante não só para Santa Catarina como também para o Brasil”, destaca o secretário-executivo da Câmara para Assuntos de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) Egídio Martorano.

Hoje Santa Catarina é referência no cenário portuário nacional no que diz respeito a infraestrutura para operações com cargas congeladas e refrigeradas. O Estado dispõe de 7.023 tomadas reefers, podendo chegar a 9,13 mil após a ampliação do terminal de uso privado Porto Itapoá, que hoje conta com 2,89 mil tomadas e deve chegar a 5 mil.

“Nossos portos são eficientes e ágeis para fazer os investimentos necessários para atender a demanda. O grande desafio está relacionado com os acessos terrestres e marítimos que dependem de ações e investimentos no âmbito dos governos estadual e federal”, diz Martorano. Para o gerente executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne/SC) e da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Jorge de Lima, as rodovias, em sua maioria, não são projetadas para separar o movimento de carga ao de veículos de pequeno porte.

“Em termos de rodovias, o Estado está carente de atenção há mais de 20 anos, mas com a esperança de que tenhamos novas diretrizes. Santa Catarina não vem sendo contemplada na maioria dos planos de expansão nacional. Os gargalos são as BRs 470, 280, 282, 163, 153 e a SC 476. Também necessitamos de acessos exclusivos para caminhões em municípios como em Itajaí”, diz Lima. Ele destaca ainda que se faz necessário trabalhar com outros modais. Opinião que é compartilhada por Martorano. 

O secretário-executivo da Câmara para Assuntos de Transporte e Logística da Fiesc diz que o Estado tem um sistema integrado de referência quanto à produção animal, porém, na distribuição, enfrenta dificuldades com os acessos aos portos e ao mercado doméstico, pelo comprometimento da capacidade da malha rodoviária. 

“Possuímos uma matriz concentrada nas rodovias, que responde pela fatia de 68,7%, e a nossa malha ferroviária é limitada, com somente 760km em operação. A situação é grave e necessitamos urgentemente planejar. Outro aspecto importante é criar o ambiente jurídico e institucional para maior participação privada nos investimentos em infraestrutura, seja por intermédio de concessão ou participação público privada. Vejo esse como o único caminho para que tenhamos uma logística em concordância com a pujante atividade econômica catarinense”, conclui Martorano. 

Números de Santa Catarina

Segundo dados do Ministério da Economia (MDIC), Santa Catarina exportou US$ FOB 2,9 bilhões de produtos congelados no ano passado, representando um crescimento de 11,1% em relação a 2018, e 33% de todas exportações catarinenses em 2019. Os produtos congelados ocuparam a segunda posição na movimentação de contêineres dos portos catarinenses, atingindo 2,6 milhões de toneladas. Egídio Martorano diz que o Estado responde por 30% das exportações brasileiras de frango e 55% das exportações de suínos.

O executivo destaca a excelente performance dos portos e terminais e aborda a necessidade do aprofundamento dos canais de acesso da Baía da Babitonga [beneficiando o Porto de São Francisco do Sul e Porto Itapoá] e a segunda etapa da ampliação da Bacia de Evolução do rio Itajaí, o que vai possibilitar que navios de maior dimensão operem na costa brasileira. Martorano defende ainda a necessidade da diversificação da matriz de transporte, com a construção do complexo ferroviário intermodal catarinense, constituído dos projetos ferroviários Leste-Oeste e litorânea, integrada a malha nacional e ao projeto da ferrovia norte-sul.

São questões como a cadeia logística do frio, de suma importância no contexto logístico catarinense, que serão abordadas durante a Logistique – Feira e Congresso de Logística e Negócios Multimodais de Cargas, de 1º a 3 de setembro, no Centro de Convenções da Expoville, em Joinville, SC. O evento vai reunir em um único espaço importantes players que formam as cadeias logística e de comércio exterior, prestadores de serviços e potenciais clientes para discutir e promover o setor, por meio da maior feira do setor logístico do Sul do Brasil, no Congresso Técnico e demais programação paralela.

O evento chega a sua terceira edição posicionada como um importante e estratégico agente para negócios, conteúdo e network para a região Sul, reunindo os principais players do setor e fornecendo soluções para atender as necessidades de toda a cadeia logística.

Crédito imagens: Portonave/Divulgação e Fiesc/Divulgação


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