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Geral
06/11/2019 | 18:24

Desigualdade é obstáculo para desenvolvimento das cidades, diz especialista no KCWS

O presidente do World Capital Institute (WCI), Francisco Javier Carrillo, afirmou que não se pode falar em desenvolvimento de cidades sem ações governamentais para resolver a desigualdade social e o impacto da ação humana na chamada era do Antropoceno. Para o professor mexicano do Tecnológico de Monterrey (TEC), o prazo de subsistência das cidades é 2050 e não mais 2100, como previu inicialmente o Banco Mundial, em 2014, tamanha a interferência humana na biosfera global.

“Cinco ilhas do Oceano Pacífico já desapareceram. É como se tivéssemos no médico e ele dissesse que temos câncer e outras oito doenças letais, entre elas o aquecimento global”, comentou Carrillo durante o KCWS o 12º Knowledge Cities World Summit (KCWS), realizado pela Fecomércio SC com a co-realização do Sebrae SC. A conferência ocorre durante esta semana, em Florianópolis, e vai até o dia 7 de novembro.

O Antropoceno é o termo adotado por especialistas para caracterizar uma nova era geológica marcada pela atividade humana na Terra. O professor Carrillo afirma que é caracterizado pelo aumento no transporte de erosão e sedimentos associado à urbanização e agricultura, além de distúrbios abruptos nos ciclos de elementos como carvão, nitrogênio, fósforo e vários metais. Segundo ele, a identificação e documentação de “doenças” fatais para o Planeta não foram capazes de gerar mudanças significativas na maneira como o ser humano vive e nem pelos planos de desenvolvimento econômico adotados pelos governos.

 

Cidades inclusivas

Do ponto de vista das cidades inclusivas, a diretora do Knowledge for Impact (EUA), Velina Petrova, disse que levantamento realizado pela Oxfam Internacional, da qual é membro, mostra que a desigualdade está mantendo milhões de pessoas na pobreza, fragmentando as sociedades e minando as democracias. A Oxfam é uma confederação que reúne 20 organizações que trabalham em mais de 90 países, incluindo o Brasil, com o intuito de construir um futuro livre das desigualdades e da injustiça causada pela pobreza.

“Apenas oito homens possuem a mesma riqueza que os 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre da humanidade”, disse. Quando a pesquisa considera gênero, por exemplo, as diferenças são ainda mais gritantes, mas aparecem também em parâmetros como classe, etnia, idade, habilidades, identidades e refugiados. “Os problemas prementes de nosso tempo são complexos, multifacetados e espinhosos. As soluções exigem o conhecimento e o aprendizado de muitos e a capacidade de descobrir como reuni-los e criar respostas”, disse Petrova.

Economias Disruptivas

Na plenária sobre Economias Disruptivas, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), Rodolfo Fücher, afirmou que em 2029 serão fabricados robôs tão inteligentes como o ser humano, que as carnes e os ovos terão base vegetal e serão produzidas em laboratórios, que os transplantes de órgãos não sofrerão rejeição e haverá a volta do uso das bactérias e da produção de antibióticos para combater diabetes e outras doenças. Fücher ressaltou que a indústria automobilística teve um pico em 2017 e agora entrou em declínio e que a utilização do petróleo nos carros perderá espaço para os carros elétricos dentro de 10 anos. “A automação vai mudar a carreira de 16 milhões de brasileiros até 2030”, prevê o executivo.

Numa referência ao desenho animado dos “Jetsons”, o diretor de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios da IBM América Latina, Fábio Rua, afirmou que queríamos carros voadores, mas a tecnologia foi a lugares inimagináveis. “Hoje temos testes de carros autônomos, navios que percorrerão sozinhos rotas que hoje não conseguem por causa das condições climáticas e, em 2022, helicópteros elétricos serão produzidos pela Embraer.”

O Presidente da Humboldt Cosmos Multiversity em Tenerife e como Presidente da Associação de Pesquisa em Economia para o Bem Comum (ECG) em Viena, Áustria, Günter R. Koch, destacou que não se trata mais de ter os mestres do capitalismo definindo a economia, porque eles visam só a lucratividade. Koch disse que a economia disruptiva pode oferecer novas oportunidades, mas no final das contas as antigas leis ainda se mantêm e por isso é preciso desenvolver novas regras.

Rede Brasil-Austrália

Hoje encerrou a série do Masterclass, fórum que surgiu de um acordo de cooperação bilateral para a formação de uma 'Australia-Brazil Smart City Research and Practice Network’ para promover e melhorar o bem estar das comunidades urbanas. 

A programação reuniu especialistas ilustres de várias disciplinas que estabeleceram uma rede de intercâmbio contínuo de conhecimento entre os dois países sobre cidades inteligentes, nas áreas de planejamento e transporte, design e participação, meio ambiente e engenharia, governança e produtividade, tecnologia e inovação.

Programação

Nesta quarta-feira (06), a plenária final será dedicada à elaboração de uma nova agenda para a “Era do Conhecimento” e na quinta-feira (07), o KCWS encerra com o “Tour da Inovação” por alguns dos principais polos de tecnologia e inovação de Florianópolis.

 


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