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13/11/2018 | 17:22

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA E ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA DA AMÉRICA LATINA REFORÇAM POSICIONAMENTO CONTRA A LEGALIZAÇÃO DA MACONHA

Uma das principais plataformas do novo presidente eleito, Jair Bolsonaro, é o investimento em segurança. Logo depois da eleição, o novo mandatário do Palácio do Planalto anunciou a criação de um “superministério” de Justiça e Segurança Pública, comandado pelo juiz Sérgio Moro, em que uma das prioridades será o combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas. Enquanto uns defendem que a legalização da maconha seria uma das soluções para este problema, o novo presidente é radicalmente contra.

Este posicionamento do novo Governo é alinhado ao que prega a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP. Um dos fatores apontados pela instituição é a falta de estrutura para o tratamento de dependentes. O Brasil não possui uma rede comunitária ambulatorial e hospitalar para as pessoas que desenvolvem transtornos mentais ou de comportamento em decorrência do uso da droga. “Com o potencial aumento do consumo, ocorrerá também um aumento do número de dependentes. É inadequado discutir modelos que funcionam em outras nações sem compreender a realidade da saúde brasileira”, ressalta o Dr. Antônio Geraldo da Silva, Superintendente Técnico da ABP.

Além disso, a ABP alerta para o alto risco e impacto no desenvolvimento dos jovens. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Quanto mais precoce o uso da droga, maiores são as chances de dependência. A ação da maconha nessa fase de formulação cerebral pode ser irreversível. Com a legalização deveria aumentar o número de usuários, especialmente entre os adolescentes. Quando usada na adolescência, o risco de dependência é o mesmo da cocaína, ou seja, 15%.

Estudos comprovam que a maconha multiplica por 3,5 vezes a incidência de desenvolvimento de esquizofrenia e também multiplica por 5 vezes as chances de desencadear no usuário o transtorno de ansiedade, explica o psiquiatra, que é o novo presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL).

Segundo a instituição, a maconha fumada não possui nenhuma evidência científica com relação a sua eficácia terapêutica, inclusive o eventual uso de derivados da cannabis. “Usar o falso pretexto de que a maconha faz bem é ingênuo e perverso. O que pode eventualmente vir a ser útil são substâncias extraídas da maconha, sem características alucinógenas, como ocorre com o Canabidiol, vendido em formulações a óleo e spray.”, afirma o Dr. Antonio Geraldo.

A ABP ainda defende que a legalização da maconha não impactaria na diminuição da violência. “As leis, as proibições e a fiscalização efetiva não eliminam os crimes, mas diminuem sua incidência e o número de vítimas. E a legalização da maconha não influenciaria o tráfico, pois somente 20% do dinheiro do tráfico advém da maconha, além do mais ela seria sempre um produto mais barato”, explica o superintendente da ABP.

A associação reforça ainda que a legalização não encontra respaldo nem na mais influente agência reguladora do mundo. A agência americana FDA (Food and Drug Administration), referência mundial no que diz respeito à saúde pública, se posiciona contrária à legalização ou ao uso da maconha fumada para fins terapêuticos. “A legalização da maconha para uso medicinal é indefensável cientificamente e só parecer servir para justificar a legalização para o uso recreativo”, reafirma Dr. Antonio.

Para finalizar, a ABP ainda ressalta o desconhecimento do impacto que a maconha pode causar na estrutura psíquica do usuário. A droga, quando fumada, piora todos os quadros psiquiátricos, que já atingem até 25% da população, como depressão, ansiedade e bipolaridade. A maconha pode desencadear primeiras crises graves, mudando a história natural de doentes que poderiam viver incólumes a riscos transmitidos geneticamente. 


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