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19/07/2018 | 09:50

Aumento dos casos de bariátrica atrai atenção para a importância dos cuidados pós-cirurgia

O excesso de peso cresceu 26,3% em dez anos, passando de 42,6% em 2006 para 53,8% dos brasileiros, em 2016, aponta o relatório Vigitel, do Ministério da Saúde. Já a obesidade avançou ainda mais em uma década. Saltou de 11,8% para 18,9%, um aumento de 60% no período. Em Santa Catarina, segundo o mesmo documento, 48% da população está acima do peso.

Paralelamente, as principais morbidades que acometem os obesos, que são a diabetes tipo 2 e a hipertensão arterial, também seguiram a rota de crescimento. No mesmo período, o diabetes aumentou 61% e a hipertensão, 14,2%. Em Santa Catarina, 6,7% da população têm diabetes e 22,2% apresentam quadro de hipertensão arterial.

Por sua vez, nos últimos cinco anos, destaca a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), o número de cirurgias bariátricas realizadas no país cresceu 39%, saltando de 72 mil em 2012 para mais de 100 mil em 2016, sendo que 76% dos pacientes são mulheres. Em meio a esse cenário, ampliou-se a necessidade de se oferecer um suporte interdisciplinar para os pacientes, conforme observa a endocrinopediatra, Myrna Campagnoli, diretora médica do Ghanem Laboratório, em Joinville. Além de acompanhamento com o médico endocrinologista, o suporte clínico ideal inclui profissionais como psicólogos, nutricionistas e preparadores físicos, dentre outros. este acompanhamento multidisciplinar deve fazer parte de todo o processo que envolve a indicação e decisão pela cirurgia, o preparo pré-operatório e o seguimento de pós operatório de forma vitalícia.

A especialista explica que, na cirurgia bariátrica, a ingestão de nutrientes é reduzida de forma abrupta e considerável e há alteração também na absorção dos nutrientes. Com isso, torna-se necessária a reposição de diversas vitaminas e nutrientes para que o organismo seja capaz de MANTER os níveis SANGUINEOS DE FORMA ideal. Dentre esses nutrientes, se destacam o ferro, vitamina B12, ácido fólico, vitamina D, cobre e selênio. A avaliação dos níveis desses nutrientes é feita por e exames laboratoriais periódicos, solicitados pelo médico ou nutricionista do paciente, ao longo da vida.

A reposição de vitaminas e minerais, explica Myrna Campagnoli, deve ser acompanhada clinicamente em consultas periódicas. Cabe ao profissional médico a revisão da necessidade de se manter ou não o uso de medicamentos para doenças associadas e a avaliação do estado nutricional, sempre com suporte multidisciplinar. Pelo fato da obesidade ser uma doença crônica, progressiva e com potencial de recidiva, existe o risco do reestabelecimento da condição previa a cirurgia, então o suporte clínico deve ser permanente.

Como o paciente pode voltar a ganhar peso, é fundamental, alerta a especialista, que, além de realizar os exames de sangue periodicamente, seja adotado um estilo de vida saudável, como alimentação balanceada (que inclua a ingestão de frutas, hortaliças e proteínas) e prática de exercícios físicos. "A dieta deve levar em conta o tempo de pós-operatório. Com isso, será possível não só prevenir a desnutrição proteica como também a recorrência de obesidade ou até mesmo do diabetes", ressalta Myrna Campagnoli.

Tipos de cirurgias bariátricas

São elegíveis para cirurgia os pacientes com índice de massa corporal (IMC – que é o peso dividido pela altura ao quadrado) acima de 40 mg/m2 ou maior que 35 km/m2, quando há doenças relacionadas, como diabetes e hipertensão. A indicação do tipo de cirurgia é discutida entre médico e paciente. Os tipos de procedimentos cirúrgicos bariátricos são:

- Bypass Gástrico– É a cirurgia bariátrica mais realizada no país, correspondendo a 75% dos casos. Nesse procedimento, é feito um desvio em uma parte do intestino, onde ocorre a absorção da maioria das vitaminas. Em razão da redução do estômago, a pessoa passa a comer menores porções por dia, perdendo até, em média, 35% do peso. No entanto, há maior risco de problemas nutricionais, sendo necessário o acompanhamento com exames de sangue e consultas com especialistas.

- Gastrectomia vertical– Também conhecida como Sleeve, é a uma técnica que mantém o estômago com um terço do seu tamanho original, sem nenhum procedimento intestinal. É a que resulta em menos problemas de nutrição, mas é indicada aos pacientes que precisam perder menos peso.

- Duodenal switch– É uma cirurgia recomendada para obesos extremos, permitindo que o paciente perca, em média, mais de 40% do peso. A perda de nutrientes, por sua vez, é maior que a da cirurgia bypass.

Medidas para evitar complicações

A cirurgia bariátrica pode gerar complicações como tromboembolismo (quando há entupimentos dos vasos sanguíneos de grande calibre, com risco de morte), infecções, obstrução intestinal, hérnia no local do corte, abcessos (infecções internas), pneumonias, dentre outras. Por isso a indicação da cirurgia precisa ser cautelosa e avaliar riscos e benefícios. além disso, o paciente pode apresentar sintomas gastrointestinais após as refeições, dentre eles os chamados dumpings (quando o paciente pode apresentar quadros de taquicardia, sudorese, sensação de morte e/ou sonolência. O açúcar é o mais frequente responsável por essa condição). estes sintomas gastrointestinais bem como a falta de vitaminas e nutrientes podem acompanhar o paciente operado por toda a vida.

É importante que, acrescenta Myrna Campagnoli, os pacientes mais predispostos a manifestar essas complicações tenham ainda mais zelo com a alimentação, optando pela redução de carboidratos e por um número maior de refeições diárias e em porções pequenas, além de evitar a ingestão de líquidos durante a refeição. Além disso, como dito anteriormente a preparação pré operatória é essencial para o sucesso do procedimento, pois a reeducação alimentar e mudança de hábitos deve ser iniciada antes da cirurgia.


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