A transformação do mundo é cada vez mais rápida e conceitos que até pouco tempo eram considerados imutáveis vão sendo derrubados. Diante deste cenário, qual o futuro do trabalho? Com a palestra Soluções e oportunidades – presente do futuro, o embaixador da Argentina no Brasil Carlos Magariños conduziu a primeira palestra da Expogestão 2018. Economista, diplomata, fundador da Foresight 2020 e da Global Business Development Network, Magariños discorreu com propriedade sobre o tema.

Lembrou que há algumas décadas era comum profissionais começarem a trabalhar em uma empresa e nela permanecerem até a aposentadoria. Nos últimos anos, um profissional que fica alguns anos na mesma companhia é considerado um veterano. Percebe-se também um movimento intenso de profissionais que gerenciam suas carreiras de forma autônoma. Assim, explicou o embaixador, o futuro terá mais empreendedores do que empregados. A próxima década será de mudanças extremas nos modelos de negócios e nas relações de trabalho.

Magariños citou alguns fatos que contribuíram para essa mudança, como o fim de um mundo econômico bipolarizado com o avanço econômico dos países emergentes. O crescimento da classe média e a forma como a humanidade consome os recursos naturais também contribuíram intensamente para as mudanças nas relações do trabalho. E, por fim, um dos principais fatores foi o avanço da tecnologia em todos os setores da sociedade.

O embaixador explicou que em torno de 30% dos postos de trabalho devem ser impactados na próxima década com a extraordinária revolução tecnológica e digital. Isso nunca aconteceu de forma tão intensa.

Margariños é um dos maiores especialistas sobre o impacto do futuro do trabalho na economia, nas empresas e na sociedade. Em sua palestra explicou que haverá uma extinção natural de postos de trabalho e o surgimento de novos empregos, que exigirão habilidades diferentes. E a sociedade precisa enfrentar essa situação adversa de forma consciente e antecipada.

Com mais de 30 prêmios internacionais e experiência na gestão de diversas companhias americanas, europeias e asiáticas, Margariños defendeu que empresas, instituições educacionais, governos e comunidade organizada precisam atuar juntos para criar um ambiente em que as pessoas possam estar preparadas e desenvolvam novas competências. É preciso investir massivamente no sistema educacional, especialmente junto às classes mais pobres. Também argumentou que novas políticas públicas e uma legislação trabalhista mais moderna são necessárias para que a população possa se inserir no novo mercado de trabalho. Não adianta combater as máquinas e as novas tecnologias. O caminho é trabalhar com elas e criar novas competências para as pessoas, pois elas são o principal ativo das empresas e instituições.