Entre os 13 países da América Latina que foram analisados sobre a percepção de risco de violência contra crianças e sistemas de proteção à infância, o Brasil foi classificado em primeiro lugar com alto risco (13%), ficando à frente do México (11%). A violência contra crianças é a ameaça mais significativa para o bem-estar e o futuro da juventude. Estes dados vêm da ONG Visão Mundial, organização não governamental especializada na proteção à infância, em estudo realizado em parceria com o Instituto IPSOS. A pesquisa - que aponta os principais resultados sobre as percepções públicas da violência contra crianças e a eficácia dos sistemas de proteção - foi lançada no Civi-co, em São Paulo, no dia 9/4, às 10h30. Ação faz parte da campanha global Precisamos de todo o mundo para acabar com a violência contra crianças. Os dados da pesquisa mostram que cerca de 70% dos brasileiros sentem que nos últimos cinco anos a violência contra as crianças e os adolescentes tem aumentado; três a cada 10 brasileiros conhecem pessoalmente uma vítima de violência infantil; 83% concordam que as consequências da violência podem aparecer nas relações sociais da vida adulta; o mesmo índice ocorre para os que acham que têm efeito negativo na saúde infantil; seguido de 81% no resultado prejudicial à educação infantil. A assessora de proteção à infância da Visão Mundial, Karina Lira, afirma a importância da pesquisa. "Esses resultados são fundamentais para que a população reconheça que a violência afeta distintas dimensões da vida da criança, podendo implicar em baixo desempenho escolar, comportamentos agressivos, lesões corporais, gravidez na adolescência, entre outros", conta. E continua: "Além disso, o estudo reforça a urgência para implementar soluções que melhorem a situação de violência que crianças e adolescentes estão vivenciando no país". A pesquisa avaliou a opinião de 5.826 pessoas em espanhol e português nos países da: Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador,
Guatemala, Honduras, México, Nicarágua e Peru, por meio dos questionários online, e em El Salvador por telefone. No Brasil, foram entrevistados 505 brasileiros com mais de 16 anos de idade. O estudo pontuou diversas formas de violência, mas algumas foram consideradas prioridades fundamentais, visto o índice de fator muito prejudicial: as Ameaças On-line são mais alarmantes (92%), seguido dos Comportamentos Violentos entre Crianças e Adolescentes (89%), além do Trabalho Infantil (88%) e, por último, Abuso Físico e Psicológico (86%). Foi observado que os brasileiros têm uma percepção diferente do que apresentam as estatísticas sobre violência. A maioria acredita que o ambiente doméstico é o mais seguro para crianças e adolescentes, porém, em 2015, foram registradas 80.437 denúncias de violências no espaço familiar. Foi concluído que a mídia é um importante influenciador sobre a conscientização pública da violência, pois 88% dos brasileiros dependem de meios de informação como TV, jornais, revistas ou rádio, para se informar. Isso mostra que os meios responsáveis pela propagação das informações devem alavancar sua influência e credibilidade para se tornarem elementos importantes na promoção de uma cultura de paz e no enfrentamento a violência, segundo a pesquisa. O estudo revelou ainda que 59% dos brasileiros dizem que os governos não estão dispostos a tomar medidas suficientes para acabar com a violência contra crianças e adolescentes; 60% pensam que os governos não têm os meios para enfrentar a violência, independente das leis. As instituições são as responsáveis pela mudança desse cenário, porém a eficiência do governo para proteger as crianças é a menor, com 8% e as maiores são a família (43%) e a assistência social, ONGs, e sociedade civil (31%). "A baixa confiança das pessoas nas instituições que existem para proteger seus filhos é preocupante. Assim como a maioria dos entrevistados, compreendemos que surge a necessidade de investimentos e esforços de uma rede de instituições para que as crianças estejam protegidas", conta Karina Lira sobre ações que podem acabar com a violência contra crianças e adolescentes. E ainda reforça: "isso só acontece com uma abordagem multidisciplinar e intersetorial que inclua a colaboração de organizações religiosas, famílias, mídia e até empresas na proteção das crianças contra a violência", conclui.
Principais causas da violência
Locais em que as crianças e adolescentes estão mais propensos ao risco No Brasil, em 2015, foram registradas 42.085 denúncias de violências ocorridas contra crianças e adolescentes no espaço doméstico, mais do total de denúncias (80.437). Efeitos Econômicos A violência contra as crianças e adolescentes, e seus efeitos, podem consumir entre 7% e 11% do PIB dos países latino-americanos (como é citada na Estratégia Regional da América Latina e Caribe). Além disso, o UNICEF afirma que o desemprego juvenil, a gravidez na adolescência e o abuso de drogas podem reduzir o PIB de um país em até 1,4%.
Implicações A efetividade das instituições para proteger as crianças fica, na ordem, com a família (43%), Assistência Social, ONGs e sociedade civil (31%), escolas centros de saúde ou clínicas (27%), comunidades religiosas (23%), crianças que se protegem (18%), sistema de justiça (polícia e tribunais) (16%), organizações culturais ou grupos comunitários (15%) e, por último, governo (8%).
O Civi-co é um espaço compartilhado para empreendedores e negócios cívico-sociais. Inaugurado em novembro do ano passado, conta atualmente com 44 organizações, 180 residentes e milhões de vidas impactadas em seus programas. |
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