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04/01/2018 | 07:01

Inflação real e o salário mínimo – contas que não batem?

Foi divulgado recentemente que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial, esse dado voltou a avançar no último mês, passando de 0,32% em novembro para 0,35%, em dezembro. Com isso, o índice acumulou, em 2017, alta de 2,94%, a menor desde 1998, quando havia registrado 1,66%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas a pergunta que faço é, será que essa é a real inflação que você observou nesse ano? Digo isso por ter claro que o impacto da alta dos preços para população é muito maior do que os números oficiais apontam. E para que se tenha essa certeza é muito simples, basta fazer uma comparação de seus gastos cotidianos desse mês de janeiro com o do mês de janeiro de 2017.

Foram muitos os produtos que subiram acima de 2,94%, tendo como destaque o combustível, que eleva outros valores também, por sermos um país dependente das rodovias para o escoamento de nossos produtos.

Mas, volto a necessidade de análise dos gastos. Ocorre que as pessoas não possuem o costume de anotar os valores que utilizam. Por isso, recomendo que a partir de agora passe a fazer esse exercício, utilizando um apontamento de despesas. Faça isso por apenas um mês durante o ano se tiver renda fixa e até três vezes se for variável.

Isso é importante para que perceba aonde vão todos os valores e que se perceba também o que está apresentando um efetivo aumento no decorrer dos anos. Por fim, haverá o benefício de eliminar gastos desnecessários que minimizam sua capacidade de poupar e realizar sonhos.

Ao perceber o real impacto da inflação em sua vida, você poderá também observar que o aumento recente do mínimo será ainda mais ínfimo, sendo que esse passou a ser de R$ 937 para R$ 954, um aumento de R$ 17 (1,81%). Ou seja, não repôs nem mesmo as perdas inflacionárias oficiais, imagine os reais.

Mas, como dito, existem outras formas de economizar, se a pessoa equilibrar as contas e reduzir excessos, é possível sobrar mais que esses R$ 17, o que daí sim tornará viável planejar algo.

Mas, não se deve esquecer que chegam junto com o ano novo diversas contas– IPVA, IPTU, matrícula e material escolar, entre outras. Por isso, esse é o período ideal para promover uma “faxina” financeira no orçamento, com o objetivo de diagnosticar a atual situação das contas e decidir o que fazer.

O ideal é que as pessoas utilizassem o 13º salário para isso, contudo, isso não ocorre, por isso é preciso se planejar, colocar tudo na ponta do lápis. Só sabe quanto pode gastar, sem ficar no vermelho, quem sabe exatamente quanto entra e quanto sai do bolso mensalmente. E, com base nisso, define quanto e com o que pode gastar.

Portanto, antes de sair pagando essas contas, faça um diagnóstico da sua situação financeira. Relacione todas as despesas fixas e variáveis para descobrir o comprometimento dos seus ganhos com as dívidas. Investigue para onde está indo cada centavo dos seus ganhos. Só assim conseguirá saber quais são os gastos supérfluos que podem ser eliminados. Isso fará com que tenha um maior controle da real inflação de sua vida e possibilitará ajustar as contas e realizar sonhos.


Reinaldo Domingos, educador financeiro do Canal de Youtube Dinheiro à Vista, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin), autor dos livros Terapia Financeira, Mesada não é só dinheiro, dentre outros.


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