Por Leonardo Barci
O que fazer quando o cliente pede algo que está ‘fora do cardápio’? Aquele pedido do tipo: “eu gostaria de um bife acebolado… só que sem cebolas”!
Desafiador? Talvez…
Minha esposa adora picanha na chapa com cebola, mas curiosamente não gosta nem um pouco de comer as cebolas. Preparar um prato destes em casa não representa um grande desafio, considerando o tempo, o espaço e a liberdade que cozinhar em casa pode trazer. Neste cenário, qualquer prato pode ser preparado literalmente ‘ao gosto.
Considere, porém, fazer este mesmo pedido em um restaurante japonês!
Bem, o amor faz milagres.
Sabendo da minha preferência, fomos pela primeira vez, juntamente com os filhos, para um almoço em família em um… restaurante japonês. O detalhe é que, com exceção de mim, ninguém mais em casa gosta deste tipo de comida. Minha esposa sabia de antemão que nesta culinária se oferece, além dos peixes e dos pratos crus, também o famoso estilo Teppanyaki.
Comecei pedindo aquilo que me era familiar e passei a observar qual seria a saída, tanto da minha esposa e dos meus filhos, quanto do garçom. Minha esposa olhou, olhou, e viu que o que mais agradaria o restante da família seria um Teppan de mignon. Ela então arriscou com o garçom: “Moço, eu gostaria de pedir este Teppan de mignon acebolado com legumes só que sem os legumes. Ah… eu gosto de bife com cebola, mas, se for cortado pequeno, vai ser difícil de separar a cebola da carne. É possível cortar a cebola em tamanho maior? ”
Neste momento, já era esperado alguma expressão de estranheza do garçom, mas o rapaz, muito simpático disse: “Só um minuto que eu vou verificar com o cozinheiro o que podemos fazer.
Depois de alguns minutos ele retornou e completou: “Sim, nós podemos atender ao seu pedido, mas como a senhora pediu para tirar os legumes, eu indicaria uma porção e meia deste prato, assim servirá melhor a todos."
O atendimento do garçom e do restaurante para um pedido ‘fora do cardápio’ acabou agradando tanto, que se tornou uma referência para nós. Retornamos por muitas vezes e sempre todos saíam satisfeitos.
Havia, porém, apenas uma condição para que fôssemos ao restaurante: que fosse o dia e horário ‘daquele’ garçom!
Almoçamos durante vários anos neste restaurante até que a vida seguiu seu natural curso e o garçom foi trabalhar em outro lugar.
Da primeira vez com um ‘novo garçom’, aquela tensão no ar e, ao final, o pedido foi entregue da mesma forma!
Tirei disto alguns aprendizados quando se fala no relacionamento entre Empresas e Clientes:
Leonardo Barci presidente da youDb, blogueiro da Exame.com e co-autor do livro Mind The Gap – Porque o Relacionamento com Clientes vem antes do Marketing