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16/09/2016 | 13:02

Prevenção ao suicídio é tema de debate em Santa Catarina

Informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde mostram que 3.403 pessoas morreram vítimas de suicídio em Santa Catarina nos últimos cinco anos – a maioria era formada por homens entre 40 e 49 anos. Neste mesmo período, entre 2010 e 2015, também foram registradas 10.771 tentativas de suicídio, a maioria de mulheres entre 20 a 29 anos. As notificações revelam que os meios mais utilizados pelos homens foram armas de fogo, enquanto a maioria das mulheres optou pela ingestão de medicamentos. 

Para mobilizar os profissionais de saúde e discutir estratégias para enfrentamento deste problema de saúde pública de Santa Catarina, a Vigilância Epidemiológica reuniu especialistas de diferentes áreas no 1º Fórum de Prevenção ao Suicídio: Valorização da Vida, realizado na última segunda-feira, 12, em Florianópolis. 

“Precisamos falar mais sobre esse tema e trabalhar na perspectiva de rede, mobilizando as instituições governamentais e não- governamentais para desenvolvermos ações mais concretas com relação à prevenção ao suicídio”, disse Gladis Helena da Silva, gerente de Vigilância de Agravos da Vigilância Epidemiológica.

Outro dado que preocupa os profissionais de saúde é a quantidade de notificações de casos entre adolescentes, de 10 a 14 anos. Entre 2010 e 2015, 140 meninos e 404 meninas tentaram o suicídio. Desses, 23 foram a óbito. “O adolescente é impulsivo por si só e costuma dar avisos. Ele fala, avisa, posta nas redes sociais, se mutila. Mas, muitas vezes, não é valorizado. A família trata como se ele só quisesse chamar a atenção”, alertou a médica Deisy Mendes Porto, da Associação Catarinense de Psiquiatria (ACP), uma das palestrantes do Fórum. 

Segundo ela, 90% das pessoas que tentam suicídio têm algum transtorno mental e os sinais costumam ser variados, desde um pedido expresso de ajuda, até tristeza, mudanças de comportamento e de desempenho, irritabilidade e descaso nos cuidados pessoais. “Já a criança não ficará triste ou chorosa. Ela para de gritar, não apresenta resposta, e, por vezes, começa a dizer que é um peso, que só atrapalha e a se questionar como seria se ela morresse, por exemplo”, explica. 

O médico Mário João Bisi, também da ACP, reforçou: “90% das pessoas que pensam em se suicidar podem ser salvas”. A maior parte dos seus pacientes que tentaram se suicidar revelou que não desejam tirar a própria vida, mas terminar com o sofrimento. “Tudo o que elas querem é conversar com alguém”, frisa.  

Um importante aliado nesse sentido tem sido o Centro de Valorização da Vida, que oferece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone, e-mail ou chat através do site da instituição.

Acolhimento e tratamento

A informação é uma ferramenta muito importante para reduzir os estigmas relacionados à ideação suicida e aos atos suicidas, alerta a psicóloga Rose Brasil, coordenadora do programa de Saúde Mental de Santa Catarina. “O acolhimento, o acompanhamento e o tratamento formam uma tríade para garantir o acesso à rede de cuidados em saúde”, enfatiza. 

Os serviços públicos de saúde mental de Santa Catarina contam com 99 Centros de Atenção Psicossocial em diversos municípios e diferentes modalidades, e mais 23 estão em fase de implantação. “Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo as que têm depressão grave, pensamento suicida e tentativa de suicídio”, explica Rose. 

No acolhimento, a equipe inicia um projeto terapêutico, incluindo avaliação médica e avaliação psicológica. “A equipe interdisciplinar indicará o melhor tratamento junto ao usuário. Ele tem autonomia para escolher o que é oferecido de acordo com o que se identificar mais, como as oficinas terapêuticas, de artes, de música, de pintura, atividades corporais, teatro, entre outros”, detalha. Segundo ela, nem sempre é necessário medicar. 

A rede é composta ainda por cinco Serviços Residenciais Terapêuticos, que oferecem moradias para tratamento que exijam longa permanência, localizadas em São José, Monte Castelo e Joinville; 630 leitos hospitalares destinados a portadores de transtornos mentais e 350 leitos em hospitais psiquiátricos. 

O Estado registra 272 moradores em tratamento, na Casa de Saúde Rio Maina, em Criciúma, no Centro de Convivência Santana e no Instituto de Psiquiatria, em Florianópolis. “É preciso que a população em sofrimento saiba que os CAPS estão preparados para acolher, ouvir, acompanhar e tratar qualquer pessoa que precise de ajuda”, complementa Rose Brasil. 


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