quinta, 28 de março de 2024
27/11/2015 | 08:32

Lama suja e muito suja

A notícia que tem estampado as páginas dos jornais, revistas e os noticiários desde o dia 5 de novembro é sobre um dos maiores desastres ambientais já causados pelo homem, ocorrido nas barragens de rejeitos de minério de ferro de Fundão e Santarém entre Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais. O evento de Mariana serviu para mostrar a negligência e a inoperância dos órgãos governamentais frente aos eventos desta natureza. Você já parou para refletir que toda essa lama pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando completamente, com impacto ainda difícil de calcular, grande parte do ecossistema da região.

O que dizer para as famílias que perderam tudo, que perderam entes queridos, que não têm mais a água boa para beber, que sobreviviam do que o rio os oferecia e não podem pescar mais. Que agora vivem num ambiente em que a “lama da destruição” (criada pelo homem), corrompeu todas as espécies. Essa destruição impõe a cada uma das pessoas atingidas uma mudança brusca na vida.

A lama suja, enquanto empresas chegam a doar mais de R$80 milhões de reais para campanhas eleitorais. Enquanto outras devem bilhões de reais de tributos federais. E no frigir dos ovos é capaz de nos restar a volta da CPMF.

Em nossa cidade vemos a lama também sujar nossos setores públicos, sujeira bem diferente da que passou pelo distrito de Mariana, porém traz um resultado de desonra e desqualificação generalizada pela sociedade que já não aquenta mais tanta sujeira da corrupção. De certa forma, a tragédia de Mariana apresenta o novo retrato do Brasil. Destruíram memórias e sonhos, a dignidade, a esperança e a vida de muitos. O Rio Doce, paradoxalmente, reflete hoje a amargura do povo brasileiro.

Ambição e amor pelo dinheiro é o resultado de tudo isso que temos visto. Não que ele não seja bom, pelo contrário, porém o mesmo deve ser conquistado com honestidade e sem passar por cima do direito de qualquer cidadão.

Que Deus nos abençoe.


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