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Geral
04/09/2015 | 09:41

Com público cada vez menor, bancas de revistas estão em extinção em Itajaí

“É difícil, né? Com essa crise, não é fácil para ninguém”. O tom demonstra a insatisfação com as vendas. Na “Revistaria da Rodoviária”, como é popularmente conhecida em Itajaí, o produto mais vendido não é o jornal impresso ou a revista de fofoca, mas sim o cigarro. Em um ano, a banca registrou uma redução média de 45% nas vendas de jornais e revistas. Para especialistas, o desinteresse pela leitura impressa é uma das explicações para a extinção de revistarias, que nunca foram muitas, em Itajaí.

 

Dá para contar nos dedos o número de bancas na cidade. São apenas quatro.  Inclusive, há lugar em que nem existe uma banca exclusiva para venda de jornais e revistas. Quem ainda aposta no comércio e não fecha as portas do negócio vive em um cenário de luta contra a preguiça dos jovens de folhear as páginas.

 

Na Revistaria da Rodoviária (banca anexa ao Terminal Rodoviário Internacional de Itajaí), a venda de jornais e revistas caiu cerca de 45% desde o ano passado. O que ainda garante o negócio de Roberto Pereira em pé é a fidelidade do público idoso. São eles que seguram as pontas com a compra de jornais diários, tanto locais quanto nacionais. A banca existe desde 2001 na rodoviária e o proprietário mantém outra revistaria no Itajaí Shopping.

 

Mesmo em extinção, as poucas bancas de Itajaí, são apenas cinco, somam um grande número de títulos segmentados. Revistas de economia, decoração, gastronomia, moda, educação, cultural e outros tantos. Nas prateleiras também encontram-se livros e revistinhas de passatempos.

 

O preço de revistas e jornais são tabelados, mas nem isso atrai o consumidor. Para evitar mais redução no número de vendas, a revistaria conta apenas com o interesse esporádico do leitor e outros produtos. No caso de Roberto as revistarias trabalham também com produtos de conveniência.

 

Falta de interesse

 

Não é à toa que o número de revistarias em Itajaí seja pequeno. Para a jornalista e docente da Univali, Vera Lúcia Sommer, há um desinteresse do público jovem pelas páginas impressas:

 

— No dia a dia, as pessoas procuram o jornal quando algo é do interesse delas. Eu vejo que os jovens são desinteressados em saber das coisas, não procuram ou só procuram saber quando é algo que interfere na vida deles.

 

Para a jornalista, os públicos são distintos e seguem caminhos diferentes para obter informação.

 

— O pessoal que compra o jornal impresso é um pouco mais velho e fiel. Já o público jovem se informa por meio das plataformas online, inclusive no site de um veículo — diz.

 

O cenário do jornalismo impresso vive em um momento de transição. Segundo Vera, as bancas caíram em desuso e foram descartadas devido à migração do conteúdo para as plataformas digitais.

 

— Os colecionadores ainda vão em bancas, mas é menos custo manter um jornal online. Se você tem uma assinatura digital, é mais econômico.

 

Jornal ainda é o queridinho dos leitores

 

Apesar dessa queda visível em vendas de revistas, segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia (PBM), o público do jornal impresso é mais estável. A maioria dos leitores tem preferência por folhear as páginas da maneira tradicional. A pesquisa, de 2014, aponta 79% dos leitores que fazem a leitura pelo formato impresso. Sendo que 10% migraram para o conteúdo digital.

 

Os portais de notícias bombardeiam os leitores com informações instantâneas. A internet virou meio de comunicação, mas de acordo com a PBM o percentual de brasileiros que leem jornais ao menos uma vez por semana permanece em 21%. Só 7% fazem leitura diária de jornais. A pesquisa aponta a segunda-feira como o dia mais mencionado entre os leitores.

 

A escolha do conteúdo também foi avaliado pela PBM. Dos entrevistados, 84% buscam informação, seja conteúdo de cotidiano, país, lazer ou entretenimento. Outro número importante adquirido na pesquisa é a compra de jornais em bancas. Entre os entrevistados, 58% adquirem o jornal em revistaria, enquanto 13% são assinantes regulares.

 

Dos meios de comunicação pesquisados, a revista quase não aparece no hábito de leitura dos brasileiros. Esse meio é descartado por 58% dos entrevistados e 13% afirmaram ler revista uma vez por semana ou mais. A leitura de revista é frequente entre as mulheres (16%).


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