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03/07/2015 | 10:07

Itajaí ganha visibilidade na Assembleia Legislativa por dois meses

Deixar Itajaí em evidência, introduzir e debater pautas locais para garantir recursos em longo prazo. Esses são alguns dos objetivos do deputado estadual Níkolas Reis (PDT) para os próximos dois meses. Nesta semana, o parlamentar itajaiense assumiu cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina e movimentou o cenário político em virtude de a cidade estar sem representante na Alesc.

 

Consciente de que não poderá levar projetos adiante em um período tão curto, o deputado levantará bandeiras para que o titular da cadeira, deputado Rodrigo Minoto (PDT), e outros parlamentares adotem. Algumas das pautas prioritárias na visão de Níkolas Reis são as que envolvem infraestrutura viária além do apoio ao Porto de Itajaí, para que ele não perca competitividade.

 

Tendo sido por duas vezes vereador em Itajaí, é claro que o parlamentar não descarta a possibilidade e pode aproveitar a visibilidade do momento para se candidatar a prefeito. Contudo, diz que o PDT tem outros nomes para apoiar e se manterá a disposição. Cauteloso, acredita que o momento ainda é prematuro também para indicar quem teria chances no próximo pleito municipal, mas sugeriu nomes de possíveis candidatos.

 

Em entrevista ao Jornal dos Bairros, Níkolas comentou ainda sobre como ocorreu a recente filiação ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), o adeus ao Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e os impasses políticos envolvendo seu tempo no PT e a relação com o, então companheiro de sigla, deputado estadual Volnei Morastoni (PT).

 

JORNAL DOS BAIRROS: Quais serão suas prioridades durante o período em que passará na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina?

NÍKOLAS: Nós vamos levar para a Assembleia o discurso que levamos para a campanha e não poderia ser diferente. Itajaí precisa ter mais protagonismo nesses ambientes políticos, especialmente na Assembleia Legislativa, que é um espaço importante. Devemos ter mais participação nas decisões do governo do Estado e governo federal. Temos pautas prioritárias na cidade, especialmente nas áreas de infraestrutura e ainda com relação ao Porto de Itajaí, via portuária e bacia de evolução. Alguma mediação nessa questão da igualdade de competição entre os terminais portuários na área pública e na área privada. A rótula da rua Estefano José Vanolli [bairro São Vicente], as nossas entradas e saídas dos nossos trevos, as avenidas Antônio Heil e Jorge Lacerda. Ou seja, temos uma pauta extensa na área da infraestrutura e em outras áreas: na educação, na saúde e na segurança pública. Tudo isso toca diretamente no governo do Estado. Então, todo esse mapeamento mais ou menos a gente tem porque são assuntos comuns hoje entre os cidadãos de Itajaí. E nós vamos estar, certamente, pautando durante esse período em que estaremos sentados na cadeira da Alesc.

 

O senhor ficará apenas dois meses como deputado estadual, acredita que será possível cumprir suas metas?

Não.  Não é do ponto de vista de realiza-las, mas é no sentido de nós colocarmos Itajaí em evidência, esse é o grande desafio que eu tenho nesses dois meses: deixar Itajaí em evidência para que possamos ganhar a um longo prazo mais recursos e respeito por parte dessas autoridades.

Eu tenho um compromisso com o deputado Rodrigo Minoto (PDT), que, gentilmente, fez esse gesto para Itajaí e pediu licença de 60 dias. Meu compromisso é que ele dará continuidade às ações que nós desenvolvermos lá [na Alesc] nesses 60 dias. Por exemplo, se eu fizer uma indicação em relação aos trevos e entradas do município, ele tem o compromisso de acompanhar isso até que, eventualmente, se execute. Mas nós esperamos, inclusive de outros deputados, criar um relacionamento que nos possibilite esse acompanhamento das demandas apontadas durante esse período.

 

Como se deu a sua ida ao PDT? O senhor estava sendo sondado por outras siglas?

O meu ingresso no PDT aconteceu de maneira natural. Quando eu saí do PT, em 2013, a minha ideia era ir para o PDT. Eu já tinha uma conversa bem adiantada com o grupo. É um partido que combina comigo e eu combino com eles. Ideologicamente falando, há uma afinidade. Na época, o PROS estava surgindo e eu fui o fundador do partido. Fui o primeiro presidente estadual e só por essa razão eu não tinha me filiado. Aconteceram coisas durante a campanha que me fizeram perder a esperança no partido. Eu tinha a ideia de que o PROS pudesse ser um partido diferente. Não é, é mais um partido. Então, decidi que era hora de sair depois da eleição. Fui procurado sim por outras siglas e agradeço. Posso citar PCdoB e PSDB, foram partidos que eu tive um diálogo mais próximo, mas optei pelo PDT por uma série de fatores. Hoje, eu estou feliz e espero que tenha sido a decisão certa.

 

Essa movimentação para que o senhor assuma uma a cadeira causou um certo furor porque Itajaí é o maior PIB de Santa Catarina, mas estava sem um representante na Alesc. A que o senhor atribui essa falta de representatividade? Muitos políticos na disputa, siglas e campanhas fracas?

Eu acho que é um conjunto de fatores. Há uma culpa da classe empresarial que não investe, há uma culpa da população que parece ter uma baixa estima e prefere, às vezes, o voto em outros candidatos. Mas a culpa principal, a maior de todas, é da classe política, especialmente das lideranças e de quem já foi prefeito. Podemos citar desde a época do Amilcar Gazaniga, passando pelo Arnaldo Schmitt Júnior, João Omar Macagnan, Jandir Bellini, Volnei Morastoni e Jandir de novo.

Essas lideranças principais não permitiram que outras pudessem ocupar os seus espaços. Isso vem prejudicando Itajaí ao longo de pelo menos três décadas, período em que tivemos uma representação pequena ou nenhuma, como é o caso. É um conjunto de fatores, mas, principalmente, é culpa das principais lideranças políticas da cidade. Por exemplo: se o Jandir assume a campanha do Osvaldo Gern na eleição passada, ele não só beneficiaria o Osvaldo Gern como nos beneficiaria enquanto oposição porque criaria na cidade um clima de competição. De repente, nós teríamos hoje na Assembleia dois ou três deputados.

 

Qual o seu objetivo a partir do momento em que deixar a Assembleia? Podemos esperá-lo como candidato a prefeito? O senhor acredita que suas chances aumentam com a mudança de partido?

Esse período de 60 dias vai me dar alguma evidência e isso tem uma importância quando se fala em eleições municipais de 2016. Eu já disputei cinco eleições e perdi três, venci duas e, certamente, aprendi mais com as derrotas do que com as vitórias. Mas não tenho problemas em perder eleições. Sei que em algum momento vai chegar a minha hora. Se será em 2016 ou não, eu não sei.

Eu estou à disposição do PDT e o PDT tem outras lideranças importantes, que também têm condições para disputar a eleição. A construção da candidatura a prefeito demanda conversas e, às vezes, abrir mão de certas vaidades em nome do projeto, que é muito maior do que nós, porque é um projeto pra Itajaí. Mas, certamente, estarei à disposição, se assim entender o partido. Eu encaro o desafio sem o menor problema e com muita honra, como sempre foi.

 

Quem o senhor acredita que concorrerá à prefeitura de Itajaí?

As coisas estão tão estranhas. Tem uma candidatura colocada, aparentemente, que é do senador Paulo Bornhausen, mas tem outras candidaturas dentro do próprio governo. Eu ouço falar no Osvaldo Gern, Osvaldo Mafra, no próprio Tarcízio Zanelato [secretário de Obras de Itajaí], ouço falar no Deodato Casas pela oposição. Em algum momento, isso vai afunilar e teremos menos candidatos.

Agora, o que eu espero é que, quem for candidato, de um lado ou do outro, consiga agregar o maior número de pessoas e de ideias para que a disputa seja de alto nível. Itajaí precisa ganhar. Tomara que nós, classe política, tenhamos bastante responsabilidade de construir uma candidatura sólida e que possamos elevar, socialmente, o status que Itajaí já tem economicamente. Acho que esse é o grande desafio da cidade. [O senhor se arrisca a dizer quem tem mais chances de vencer a eleição?] Não, é muito cedo para que possamos fazer qualquer tipo de previsão.

 

O senhor acredita que o Paulinho e o Décio Lima podem concorrer em Itajaí?

Acho que sim. Hoje, o elemento entre os dois, aquele que, de fato, pode ou vai participar do processo eleitoral, sendo candidato ou não, parece que é o Paulo Bornhausen. Ele [Paulo] tá muito presente na cidade, já está fazendo conversas, articulando. Parece que isso é uma coisa muito palpável, muito sólida. Com relação ao deputado Décio Lima, eu não sei. Mais ouvimos do que vimos, exatamente, uma movimentação.

É cedo, é possível que ele possa observar que há um espaço e, eventualmente, vir disputar a eleição em Itajaí. São duas figuras que tem relação com a cidade, não os vejo como forasteiros, mas também acho que há muita gente dentro do cenário político local que merece ser valorizado. É nesse sentido que eu penso que a construção das candidaturas a prefeito, seja no governo, seja na oposição, têm que dialogar e conversar com quem está hoje fazendo política na cidade.

 

Muito se fala que o senhor se apagou ao deixar o PT em função da pressão do Volnei Morastoni para que o Thiago Moratoni viesse a ser o principal representante jovem do partido na cidade. Como hoje o senhor avalia sua ida para o PROS, de fato houve perdas?

Sem dúvidas. O candidato a prefeito de Itajaí do PT, em 2012, tinha que ser o deputado Volnei. Até porque ele era deputado, tinha mandato, pontuava muito melhor que eu nas pesquisas e, pelo fato de ele não ser candidato, se negar a ser candidato, eu acabei indo para um sacrifício que foi muito difícil.

Levei uma candidatura a prefeito contra uma estrutura grande, que era capitaneada pelo prefeito Jandir Bellini. Mas fiz, fiz porque faria de qualquer forma. Fiz porque sou político de grupo. Acho que a gente tem que antes pensar no grupo e na cidade, depois na gente. Fui prejudicado durante e após a eleição por essas circunstâncias. É logico que a minha migração para o PROS teve a ver, sim, com o rompimento político dentro do PT.

 

Há algum tipo de ressentimento entre o senhor e a família Morastoni em função disso?

Com o Thiago [Morastoni] não. Ele já me pediu desculpas, nós conversamos sobre isso e achamos, nós dois, que não faz sentido. Mas do deputado Volnei, sim. Fui mal tratado por ele, inclusive verbalmente, e jamais obtive um pedido de desculpas. Isso não significa que há uma mágoa ou sentimento de revanche. Eu sou político e sei compreender que, em determinados momentos, você faz acordos em benefícios de circunstâncias que são melhores para a cidade. Hoje, não tenho nem porque conversar com o Volnei sobre nada, nossos projetos são totalmente diferentes e andam paralelamente para lados distintos. Mas não vai haver revanchismo se precisarmos sentar em uma mesa e conversarmos, de maneira nenhuma.


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