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Alunos do Professor João Pedro atentos ao conteúdo em vídeo
06/09/2010 | 00:00

Jovens e Adultos recuperando o tempo perdido

 

O Centro de Educação de Jovens e Adultos- CEJA é uma segunda chance  para aqueles que por algum motivo interromperam os estudos. Só em Itajaí, a média é de 2.500 alunos.

 

Uma nova chance para recuperar o tempo perdido. Assim pode ser visto o Centro de Educação de Jovens e Adultos, o CEJA, como popularmente é conhecido. Segundo dados da Diretoria de Educação Básica e Profissional da Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina, aproximadamente 50 mil alunos em todo o Estado, freqüentam as modalidades oferecidas pelo programa. Mas, esse número pode variar pela rotatividade dos alunos.

 

Na região, a matriz encontra-se em Itajaí, mas o CEJA também conta com núcleos nos municípios de Penha, Balneário Camboriú, Itapema e Navegantes, totalizando uma média de 5 mil alunos. Só em Itajaí circulam aproximadamente 2500.

 

Além das aulas presenciais, a estrutura do CEJA na região conta com sete tele-salas sendo uma em Itapema, três em Balneário Camboriú e três em Itajaí. A tele-sala é um programa da Educação Roberto Marinho que trabalha com tele-aulas, onde conta com um orientador de aprendizagem para ministrar todas as disciplinas.

 

Uma nova metodologia

 

Diferente do sistema de supletivo que os alunos preocupavam-se apenas em estudar os módulos e fazer as provas, o CEJA propõe uma metodologia de interação entre professor e aluno. As aulas ocorrem três vezes por semana, de forma presencial.

 

A média para conclusão do ensino fundamental é de dois anos. As disciplinas são trabalhadas semestral e anualmente- como Português e Matemática. “Como essas são disciplinas de base, o professor tem um tempo maior para perceber a dificuldade do aluno, e assim intervir na melhora de aprendizagem”, explica a diretora do Centro Valéria da Silva Mello.

 

O ensino médio leva em média um ano e meio. As disciplinas nesse caso são trabalhadas semestralmente e  bimestralmente.

 

Os  alunos também tem aula de artes e expõem seus trabalhos nos corredores da escola

 

Buscando colocação profissional

 

Mercado de trabalho e aprimoramento. Esses são um dos principais motivos que levam os alunos do CEJA a voltar aos bancos escolares. “Hoje, as próprias empresas já colocam o estudo como uma das condições para trabalhar, e assim eles querem melhorar e até conseguir um emprego melhor”, ressalta Felizmente, o pensamento não está em parar no ensino médio. “Os alunos não vêem mais a conclusão dos estudos com a única ideia de suprir o que deixou pendente nos estudos. Muitos dos que já passaram por aqui, saem com o intuito de buscar um curso superior,” ressalta.

 

Se para alguns é ato de coragem, para outros ainda é ato de vergonha. E isso faz com que muitos tenham receio de voltar aos bancos escolares, na visão da diretora. “Há ainda o pensamento de que a partir de certa idade é feio voltar a estudar e infelizmente convivemos com esse preconceito no dia-a-dia”, explica.

 

Aprendendo com o dia-a-dia

 

Mais do que simplesmente desenvolver conteúdos apresentados pelos módulos, a ideia do professor de Química João Pedro da Cunha é ensinar a disciplina de maneira prática. Trabalhando em forma de oficinas de aprendizagem, o professor aborda o conteúdo teórico na primeira etapa e posteriormente trabalha com experimentos. “A oficina de aprendizagem possibilita ao aluno ligar o seu dia-a-dia à Química, evitando uma abordagem maçante e muito teórica”,explica Cunha.

 

O professor tem 28 anos de profissão e leciona no CEJA há seis. Para ele, as diferenças entre os alunos regular são nítidas até pela necessidade do aluno em querer concluir os estudos. “O aluno vem para o CEJA focado em aprender, gerando um aproveitamento ainda maior. Já muitos alunos do ensino regular ainda não estão com pensamentos voltados para o futuro”, ressalta.

 

Correndo atrás do prejuízo

 

Era hora do intervalo de sexta-feira e o movimento estava tranqüilo. Num clima de conversa estavam as alunas Vera Nilma Dias, 22 anos e Tássia Patrício, 21 anos. Vera conta que veio do Pará para Itajaí em 2007, e procurou o CEJA porque viu a necessidade de arrumar um emprego. Na época, ela tinha concluído apenas o ensino fundamental. “Onde estou trabalhando aparecem muitas oportunidades e você precisa estar capacitado quando tiver uma vaga melhor”, comenta.

 

Vera, que se formará no ensino médio no final do ano lamenta não ter terminado antes. “No CEJA, eu comecei e terminei diversas vezes. Hoje estou mais focada e conseguirei me formar no final do ano”, explica.

 

Tássia ficou cinco anos sem estudar. “Na época, eu saía do trabalho e ia para a escola, o que acabava sendo cansativo. Como sabia que tinha como repor esses estudos acabei deixando em segundo plano”, comenta.

 

Tássia, que é casada e atualmente não está trabalhando, conta que tem objetivos maiores: “não quero desistir do estudo e pretendo ingressar no curso superior”, finaliza.


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