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Geral
06/08/2010 | 00:00

O peso que cada habitante tem na Terra

A partir da realização da ECO 92 no Rio de Janeiro, a palavra sustentabilidade passou a fazer parte do consciente das pessoas. Além de integrar as conversas entre amigos, virou palavra de ordem entre as grandes corporações. A pergunta é: O que pode ser feito por cada um de nós para minimizar os danos ao planeta? A palavra sustentabilidade já faz parte do seu vocabulário? Se não, saiba como você pode ajudar o meio ambiente com atitudes simples.

 

A dona de casa Janir Rosa Censi, afirma que já está preocupada há algum tempo com a situação do meio-ambiente e já toma medidas para minimizar os danos causados. Ela conta que todas as lâmpadas da residência foram substituídas por lâmpadas fluorescentes para reduzir o consumo de energia. Na hora de lavar roupas, conta que junta o maior número de peças possíveis em uma única lavagem na máquina. E para quem acha que a água da máquina vai pelo ralo se engana: Janir utiliza a água que sai da máquina com sabão para lavar a calçada. O carro da família é lavado com um balde, pois lavar com a mangueira desperdiça muita água.

 

O lixo produzido pela residência também é preocupação. Todos os resíduos são separados em recipientes diferentes: “o que é orgânico é separado do que é reciclável”, conta. A dona de casa afirma que já deixa tudo separado, pois além de ajudar o meio ambiente, recebe desconto no IPTU, pois participa da Coleta Seletiva em Itajaí.

 

O economista Ricardo de Castro Guedes afirma que os impactos sobre a economia doméstica a partir dos “erros” ambientais que cometemos, são agravados por uma questão de herança. Segundo ele, as cidades não estão preparadas para reaproveitar seus descartáveis e em nossa casa não é diferente, provavelmente por não termos passado por uma necessidade que nos faça mudar de rumo econômico.

 

 

Como funciona a Coleta Seletiva em Itajaí

 

A Coleta Seletiva foi implantada no município pela Prefeitura de Itajaí, Secretaria de Obras e Serviços Municipais, Fundação Municipal do Meio Ambiente (Famai), a empresa concessionária Engepasa Ambiental Ltda e a Cooperativa dos Coletadores de Materiais Recicláveis da Foz do Rio Itajaí (Cooperfoz). Com o projeto a Prefeitura de Itajaí busca estimular a conscientização da comunidade sobre as vantagens obtidas com a reciclagem.

 

 

Em Itajaí a administração municipal propôs a isenção da tarifa para o morador ou empresa que separar o lixo orgânico. A prefeitura busca com esta iniciativa estimular a conscientização da comunidade sobre as vantagens obtidas com a reciclagem.

 

Os contribuintes recebem uma carta de adesão para ser preenchida com seus dados e do imóvel, assumindo assim, o compromisso de separar o lixo orgânico do lixo reciclável. Para permanecer no programa o morador deve colocar em um saco o lixo orgânico (restos de comida, de frutas, pó de café, folhagens, entre outros), o lixo do banheiro e as embalagens não recicláveis. Em outro saco, o lixo seco, que são os resíduos sólidos (papel, plásticos, metais e vidros) que podem ser colocados todos juntos. Uma vez por semana o caminhão da Coleta Seletiva passa em todas as ruas, conforme a tabela de horários distribuída à população que também está disponível no site da Prefeitura.

 

 

A Coleta Seletiva além de gerar empregos, integra na economia formal, os trabalhadores antes marginalizados, que têm agora a sua atividade facilitada com a separação realizada pelas residências e empresas. A fiscalização do programa é feita por amostragem, para verificar se o lixo orgânico está separado do seco. O não comprometimento resulta na cobrança da tarifa.

 

Após a realização da coleta seletiva, o lixo reciclável é levado à Cooperfoz que separa e vende o lixo. Os resíduos recicláveis também podem ser coletados pelos catadores informais que recolhem o lixo antes dos caminhões específicos da coleta seletiva.

 

A reciclagem de papéis, vidros, plásticos e metais reduz a utilização do aterro sanitário, prolongando a sua vida útil. Além de implicar na redução significativa dos níveis de poluição ambiental e do desperdício de recursos naturais, devido a economia de energia e das matérias primas.

 

Segundo dados informados pela Prefeitura de Itajaí, desde a implantação do programa foi possível a redução de 500 toneladas por mês do lixo depositado no aterro sanitário, sendo 200 toneladas coletadas pela empresa concessionária e 350 toneladas pelos catadores de rua. A Coleta Seletiva do Lixo também gera emprego e renda para 50 famílias dos que trabalham com a reciclagem na cooperativa. A População beneficiada na área urbana é de 158.112 e na área rural de 6.838 habitantes.

 

 

Comece a agir agora mesmo!

 

A jornalista Maria Izabel Gonçalves não compra nada descartável

 

A jornalista Maria Izabel Gonçalves afirma que é um absurdo essa nova moda de comprar sacola ecológica para levá-la sempre ao supermercado. “Isso é produção de lixo. Quem quer colaborar, leva sua sacolinha de casa, ou não compra saco de lixo e usa as embalagens que vêm do supermercado. “Eu sempre que posso, dispenso as sacolas, como na locadora, por exemplo, levo os DVDs na mão. Um sabonete também não vai contaminar o pão que você compra se ficar na mesma sacola por 20 minutos. Separo o lixo orgânico do reciclável e ainda lavo as embalagens plásticas. Mesmo que o lixo não seja 100% reciclado, sei que facilito a vida de que trabalha com a separação desse material”, conta.

 

 

São estas pequenas atitudes que fazem a diferença. A jornalista não compra nada descartável, como copos ou pratos plásticos, mesmo quando faz uma festa. Conta ainda, que, acumula o óleo utilizado e entrega para quem produz sabão. Descarta baterias e pilhas em estabelecimentos preparados para receber esse tipo de material e até tenta dar uma nova utilidade ao que seria lixo. “Me mudei para um apartamento que tinha um banquinho velho de madeira. Pensei em jogar fora, mas decidi reciclar. Fiz uma pequena reforma e adorei o resultado”, afirma.

 

 

Consumo consciente

 

Fernando Girardi: “Não é só de coisas novas que o mundo é feito”.

 

O interesse pelas roupas de segunda mão ou vintage (de época) cresce entre as pessoas mais atentas a questões como sustentabilidade e estilo, mas ainda esbarra em resistências. O designer de moda Fernando Girardi, que realizou seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre brechós, afirma que oque falta para as pessoas se conscientizarem mais sobre o consumo sustentável é a informação. “Falta as pessoas começarem a perceber que nem tudo é para sempre e que é possível ter uma vida bem melhor e com muito mais qualidade se aprendermos que não é só de coisas novas que o mundo é feito”.

Segundo Fernando, deve levar algum tempo para que o hábito de comprar em lojas de segunda mão por motivos ambientais se torne um comportamento de massa. No Brasil, não existem dados consolidados sobre o tamanho do mercado de produtos de segunda mão. Nos EUA, as vendas vêm crescendo 35% a cada trimestre, em média, de acordo com a National Association of Resale and Thrift Stores (Narts), associação que reúne os lojistas de produtos usados. “Os brechós já foram bem mal vistos. Por volta dos anos 80, estes estabelecimentos eram vistos como amontoados de roupas velhas e sem nem um valor comercial, que serviam para a população menos favorecida e para trabalhadores das indústrias comprarem vestes de trabalho. Hoje em dia os brechós se apresentam como uma alternativa a quem quer ter mais autenticidade na forma de se vestir e originalidade ao se apresentar para o mundo, sem falar na própria “boa ação” que esta fazendo para o planeta”, finaliza.

 

 

Legislação brasileira prevê fim dos lixões

 

O Brasil passa a ter um marco regulatório na área de Resíduos Sólidos. A lei faz a distinção entre resíduo (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento). A lei se refere a todo tipo de resíduo: doméstico, industrial, da construção civil, eletroeletrônico, lâmpadas, da área de saúde, perigosos, etc.

 

O objetivo da regulamentação é a não geração, redução, reutilização e tratamento de resíduos sólidos, bem como destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos. Prevê ainda, a redução do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo) no processo de produção de novos produtos, intensificar ações de educação ambiental, aumentar a reciclagem no país, promover a inclusão social e a geração de emprego e renda de catadores de materiais recicláveis.

 

O que propõe

 

A medida institui o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, abrangendo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

 

Propõe ainda, atribuições compartilhadas, tanto das instituições públicas como de particulares e sociedade em geral. Um dos pontos fundamentais do marco regulatório é a chamada logística reversa, que se constitui em um conjunto de ações para facilitar o retorno dos resíduos aos seus geradores para que sejam tratados ou reaproveitados em novos produtos. Todas estas ações irão propiciar oportunidades de cooperação entre o poder público federal, estadual e municipal, o setor produtivo e a sociedade em geral na busca de alternativas para os problemas socioambientais existentes e na valorização dos resíduos sólidos, por meio da geração de emprego e renda.

 

Fique ligado!

 

  • O plástico demora pelo menos 100 anos para se decompor e é capaz de você já ter tropeçado numa embalagem que sua avó jogou na rua. Para mudar isso, use sacolas reaproveitáveis quando for ao supermercado.
  • Fique atento à composição dos equipamentos. O iPhone 2ª Geração, por exemplo, virou inimigo dos ambientalistas por ter substituído o revestimento metálico por plástico.
  • Consuma produtos com embalagens mais simples. Além de pagar pelo custo da embalagem, no futuro você pode acabar pagando também pelo lixo acumulado nas ruas.
  • Separe o material reciclável do lixo de casa. Se sua cidade não conta com Coleta Seletiva, existem várias associações de catadores que recebem aquilo que não serve mais para você
  • Antes de comprar, pense se você precisa mesmo daquele produto.
  • Nunca é tarde para começar a se preocupar com ecologia. Se você quer pôr idéias verdes em prática, mas não sabe por onde começar, procure pessoas que compartilham do mesmo interesse. Existem diversas comunidades sobre o assunto nas redes de relacionamento.

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