Antes de uma empresa se instalar em determinado local é realizado um grande estudo e um bom planejamento, afinal, decidir onde a empresa atuará engloba algumasvariáveis, como proximidade dos fornecedores ou da demanda, localização dos concorrentes, oferta de mão de obra, disponibilidade de serviços públicos como hospitais, escolas e segurança, qualificação da mão de obra, grau de organização sindical, facilidades para o sistema de transporte, clima e temperatura da região e disponibilidade de armazéns que atendam às exigências.

Nos últimos anos cerca de 400 empresas se instalaram no município. Esse número nos leva a crer que a cidade de Itajaí atende aos requisitos para as grandes instalações. O segmento que se destaca é o setor de logística, o que autentica a relação que a economia interna tem com as atividades portuárias.  Mais de 50% da economia itajaiense está relacionada ao Porto. “É certo que em uma cidade portuária a dependência do Porto é grande e a diversificação é necessária. Os serviços são o que mais se desenvolvem quando um setor cresce, como na área de alimentação, locação de imóveis, saúde, entre outros, em razão deste desenvolvimento” observa o Economista Ricardo Castro Guedes.

Economia atual depende do Porto

É preocupação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda diversificar a economia. Nos anos de 1983, 1984 e 2008 o cais do porto foi prejudicado e a economia interna foi bastante afetada. A Secretaria busca alternativas para a diversificação, como a captação de indústrias, a implantação do Pólo Industrial, a criação de uma Marina Internacional e o fortalecimento do turismo. “Não podemos depender apenas do Porto, estamos em busca de opções diferenciadas, que são bastante interessantes e inteligentes para que Itajaí possa crescer com segurança e manter o equilíbrio econômico”, salienta o Secretário de Desenvolvimento Econômico Clayton Batschauer.

É preciso diversificar

A área destinada ao Pólo Industrial no bairro Itaipava está totalmente legalizada e em posse do município. O terreno compreende uma extensão com mais de 2 milhões de m². Atualmente o local abriga instituições como Jeep Clube, Associação do Corpo de Bombeiros, Celesc, Canil Municipal e algumas residências. A proposta da implantação do Pólo Industrial foi lançada pelo vereador Luiz Carlos Pissetti e está focada no desenvolvimento regional e na geração de emprego para os itajaienses. “Estamos à procura de parceiros da iniciativa privada para implantar este Pólo, a previsão é para que daqui há dois anos já esteja concluído” afirma Batschauer.

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico também está em constante contato com grandes empresas para se instalarem na cidade. “Atualmente temos três contatos bem valiosos para a nossa economia, que em breve serão anunciados”, fala Batschauer. A previsão é para que em 2012, a Marina Internacional seja inaugurada em Itajaí, na Beira Rio, olocal é amplo, protegido de todos os ventos, próximo ao centro comercial e próximo à área central da cidade. Itajaí é dotada de farto comércio e de todos os serviços necessários para construção e reparos de embarcações de pesca e lazer. Mecânicas e lojas especializadas em cascos de madeira, fibra de vidro ou metal, motores, hélices, elétricos, eletrônicos, cordoaria, rádio comunicações, pinturas e despachos marítimos, dentre outras atividades. Faltam apenas alguns laudos ambientais para a estrutura ser instalada.

O fortalecimento do turismo é outra alternativa para diversificar a economia. Neste ano, durante a Marejada vai acontecer o primeiro encontro empresarial entre Santa Catarina e Portugal, vai ser o “Business Day”, o dia de negócios. “O investimento de Portugal no ramo hoteleiro no Nordeste já é de praxe. Neste encontro temos o objetivo de atrair investimentos para a nossa cidade”, fala Batschauer.

Isenção fiscal

Todos os fatores que influenciam no processo de escolha da localização para uma empresa se instalar devem ser levados em conta e um deles é o incentivo fiscal que o município e o estado oferecem às estas empresas. Os incentivos são fornecidos de acordo com oretorno financeiro que a empresa oferecerá ao município, a geração de empregos e outros quesitos acordados de forma que o contrato beneficie ambas as partes.

A seleção das empresas que desejam se instalar na cidade é realizada pelo Conselho Deliberativo Econômico de Itajaí, composto pela Univali, ACII, CDL, Sindipi e outras empresas da cidade. Primeiramente é preenchido um formulário onde é possível identificar o foco de atuação e outras informações da empresa, com isso são oferecidos os benefícios. “Recebemos propostas injustificáveis, algumas empresas pedem luz paga por cinco anos, mas que não é viável para o município então negamos o pedido”, observa o Secretário.

A escolhida foi Itajaí

O município tem atendido às exigências das grandes indústrias. O exemplo mais recente é a italiana Azimut-Benetti, uma das maiores empresas náuticas do mundo que vai se instalar na cidade. Um dos fatores que decidiram na escolha foi a questão geográfica, por ser próximo de Punta Del Leste e o Nordeste brasileiro. “Dependendo do mercado de atuação a nossa cidade se torna atrativa por estarmos localizados no centro da região Sul do país, com acesso facilitado às linhas marítimas e às BRs e aos aeroportos das cidades de Navegantes, Joinville, Florianópolis e Curitiba”, explica Batschauer.

A qualidade de vida que Itajaí oferece, a posição geográfica, o sistema modal pronto para atender qualquer indústria do mundo e as isenções fiscais, são fatores atrativos para as instalações das empresas. Para o economista Ricardo Guedes, a qualificação da mão-de-obra, logística oferecida e os benefícios fiscais são atrativos determinantes para as empresas se interessarem por Itajaí. “Temos uma das maiores universidades do país na cidade e a rede de fornecedores é bem extensa”, afirma Guedes.

O que está faltando?

Itajaí carece de terrenos à margem do rio, local fundamental para empresas que atuam no setor ligado ao Complexo Portuário. Segundo Batschauer, a tendência é a área industrial se expandir para regiões do interior como as margens da Rodovia Antônio Heill, no bairro Itaipava e as margens da Rodovia Jorge Lacerda, que são áreas ainda não ocupadas.

Curitiba, capital do Paraná, tem agências que trabalham como uma espécie de radar. Diariamente analisam os noticiários, jornais e revistas à procura de empresas que procuram novos mercados para investimentos. “Recentemente, muitas empresas tiveram a necessidade de sair do mercado europeu, devido à instabilidade econômica européia, para investir em outros países e estas agências têm este conhecimento por meio de notícias e entram em contato e oferecem benefícios para se instalarem na cidade”, explica Bautschaeur.

Se Itajaí conseguir estabelecer esta conexão, pode crescer muito. “Podemos nos tornar a capital econômica de Santa Catarina, quem sabe até a capital econômica do Sul do país, temos que nos profissionalizar e estar preparados para não ficar pra trás”, alerta o Secretário.